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Judeu ortodoxo, o músico norte-americano Matisyahu canta reggae e fará shows em Salvador, Rio e São Paulo
O cantor, que não pode fazer shows no Shabat e cumprimentar mulheres, tornou-se conhecido com o álbum "Youth"
O cantor, que não pode fazer shows no Shabat e cumprimentar mulheres, tornou-se conhecido com o álbum "Youth"
Jim Cooper/Associated Press | O americano Matthew Miller, que adotou o nome hebraico Matisyahu na adolescência |
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas a música, um reggae salpicado com rap, dancehall e rock, já faz de Matisyahu uma atração incomum. A curiosidade aumenta ao olharmos para o sujeito de barba longa e chapéu: o cantor é um judeu ortodoxo.
Nascido nos Estados Unidos como Matthew Miller, Matisyahu aprofundou sua fé judaica e passou a utilizar o nome hebraico a partir do final da adolescência, quando fez uma viagem espiritual a Israel.
Desde criança fã de Bob Marley e rap, lançou-se em carreira artística -com o apoio de seu rabino em Nova York. Em 2004, lançou o primeiro álbum, "Shake Off the Dust" (2004).
"Youth", de 2006, foi o disco que tornou Matisyahu uma figura pop. O CD chegou à quarta posição da parada norte-americana, puxado por hits como "King Without a Crown" e "Youth" e canções como "Jerusalem": " 3.000 anos sem lugar para ficar/ E eles querem que eu desista de meu leite e mel".
Matisyahu vem ao Brasil para três shows: em Salvador (24/1), Rio (28/1) e São Paulo (31/1, no ginásio da Hebraica). A seguir, ele conta sua história.
FOLHA - Quando você começou a se interessar por música?
MATISYAHU - Gosto de música pop há muito tempo. Ouço várias coisas, de Paul Simon e Bob Dylan a Outkast, Nas... Sempre gostei de reggae e hip hop.
FOLHA - Em seu site, você afirma ter encontrado sua fé durante uma viagem ao Colorado. Como foi?
MATISYAHU - Quando eu tinha 16 anos, fui para o Colorado. Depois, viajei por Israel. Essas duas viagens foram as experiências mais importantes da minha vida. Fui para o Colorado apenas com minha mochila, andava por locais vastos, isolados, selvagens. Estar no meio da natureza, sozinho, foi uma experiência espiritual profunda para mim. Depois fui a Israel e lá também foi uma descoberta. A primeira vez que me realizei, que realmente passei a acreditar em Deus. Foi ali minha iniciação religiosa.
MATISYAHU - Quando eu tinha 16 anos, fui para o Colorado. Depois, viajei por Israel. Essas duas viagens foram as experiências mais importantes da minha vida. Fui para o Colorado apenas com minha mochila, andava por locais vastos, isolados, selvagens. Estar no meio da natureza, sozinho, foi uma experiência espiritual profunda para mim. Depois fui a Israel e lá também foi uma descoberta. A primeira vez que me realizei, que realmente passei a acreditar em Deus. Foi ali minha iniciação religiosa.
FOLHA - Bob Marley tinha canções que tratavam de temas espirituais e religiosos. Aquilo teve alguma influência para você?
MATISYAHU - Pelo que conheço de Bob Marley, de suas músicas, de livros e filmes que vi, ele era um músico com grande conteúdo espiritual. Ele tinha um desejo de transmitir algum tipo de conhecimento com suas mensagens. Realmente me identifiquei com aquilo.
MATISYAHU - Pelo que conheço de Bob Marley, de suas músicas, de livros e filmes que vi, ele era um músico com grande conteúdo espiritual. Ele tinha um desejo de transmitir algum tipo de conhecimento com suas mensagens. Realmente me identifiquei com aquilo.
FOLHA - Por ser judeu ortodoxo, já sentiu algum preconceito dos fãs de reggae de raiz?
MATISYAHU - A música reggae atingiu muita gente e está presente em vários tipos de culturas. Há judeus fazendo reggae, há alemães fazendo bom reggae, há reggae em Porto Rico... Quando você produz música, ou outro tipo de arte, e a joga para o mundo, aquilo sai de seu controle e fica a critério de cada pessoa lidar com o que você fez. Você vê isso até com a Bíblia, que exerce influência em muita gente, e significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Com arte é a mesma coisa.
MATISYAHU - A música reggae atingiu muita gente e está presente em vários tipos de culturas. Há judeus fazendo reggae, há alemães fazendo bom reggae, há reggae em Porto Rico... Quando você produz música, ou outro tipo de arte, e a joga para o mundo, aquilo sai de seu controle e fica a critério de cada pessoa lidar com o que você fez. Você vê isso até com a Bíblia, que exerce influência em muita gente, e significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Com arte é a mesma coisa.
FOLHA - Você procura passar alguma mensagem espiritual em seus shows? Como a sua religião influencia sua música?
MATISYAHU - Não diria que há uma mensagem específica que eu queira colocar em minha música. Minha religião tem grande influência na música porque ela toma grande parte de minha vida. É o que sou, um judeu, e isso afeta minha música. Quero dividir o que sinto.
MATISYAHU - Não diria que há uma mensagem específica que eu queira colocar em minha música. Minha religião tem grande influência na música porque ela toma grande parte de minha vida. É o que sou, um judeu, e isso afeta minha música. Quero dividir o que sinto.
FOLHA - O reggae é sempre associado à maconha e à filosofia rastafári. Como você encara esses temas?
MATISYAHU - O reggae está conectado de certa maneira com a filosofia rastafári. Mas há uma certa separação, você pode perfeitamente se entreter com a música mesmo não tendo nada a ver com as idéias rastafáris. Você não precisa fumar maconha para gostar de reggae.
MATISYAHU - O reggae está conectado de certa maneira com a filosofia rastafári. Mas há uma certa separação, você pode perfeitamente se entreter com a música mesmo não tendo nada a ver com as idéias rastafáris. Você não precisa fumar maconha para gostar de reggae.
FOLHA - Pela sua religião, você não pode, por exemplo, cumprimentar mulheres de fora de seu círculo familiar e fazer shows durante o Shabat. Como os fãs lidam com isso?
MATISYAHU - Meus fãs certamente entendem, sabem de onde venho. Não fazer shows nas noites de sexta-feira não é um grande problema. Há outros seis dias na semana. Sobre não dar a mão a mulheres, é desconfortável às vezes, mas é uma decisão que tomei tempos atrás. Respeito as regras.
MATISYAHU - Meus fãs certamente entendem, sabem de onde venho. Não fazer shows nas noites de sexta-feira não é um grande problema. Há outros seis dias na semana. Sobre não dar a mão a mulheres, é desconfortável às vezes, mas é uma decisão que tomei tempos atrás. Respeito as regras.
MATISYAHU
Quando: 24/1, em Salvador; 28/1, no Rio; 31/1, em São Paulo
Onde: em SP, no Clube Hebraica (r. Hungria, 1.000, Jardim Paulistano)
Quanto: de R$ 80 a R$ 140 (para comprar: tel. 0/xx/11/2163-2000)
Quando: 24/1, em Salvador; 28/1, no Rio; 31/1, em São Paulo
Onde: em SP, no Clube Hebraica (r. Hungria, 1.000, Jardim Paulistano)
Quanto: de R$ 80 a R$ 140 (para comprar: tel. 0/xx/11/2163-2000)
Frase
"Não fazer shows nas noites de sexta-feira não é um grande problema. Há outros seis dias na semana. Sobre não dar a mão a mulheres, é desconfortável às vezes, mas é uma decisão que tomei tempos atrás. Respeito as regras"
MATISYAHU, cantor
"Não fazer shows nas noites de sexta-feira não é um grande problema. Há outros seis dias na semana. Sobre não dar a mão a mulheres, é desconfortável às vezes, mas é uma decisão que tomei tempos atrás. Respeito as regras"
MATISYAHU, cantor
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História une reggae ao Velho Testamento
História une reggae ao Velho Testamento
DA REPORTAGEM LOCAL
O ritmo nascido na Jamaica nos anos 60 está ligado à cultura rastafári, para quem Jah (Deus) reencarnou como um africano - Haile Selassie 1º, que tornou-se rei (e ditador) da Etiópia em 1930.
Para os rastas, Selassie pertencia à linha de descendência do rei Salomão. Ele ficou no poder da Etiópia por 44 anos, até ser deposto. Morreu em 1975.
Na Jamaica, o rastafári teve como líder o pensador Marcus Garvey. Um dos principais difusores dessa filosofia foi Bob Marley (1945-81), que chegou a encontrar-se com Haile Selassie e a ganhar um anel religioso do rei.
Os rastafáris não bebem álcool, são vegetarianos e, como não cortam os cabelos, muitos utilizam o penteado "dreadlock". O fumo da maconha é considerado uma forma de alcançar a meditação plena e uma melhor conexão com Jah.
Muitas das letras de Bob Marley fazem referências ao vegetarianismo (adotado pelos rastas), ao Velho Testamento e evocam redenção e transcendência (como "Exodus", "Redemption Song", "Blackman Redemption").
É insólita, mas a relação de um judeu ortodoxo como Matisyahu com o reggae encontra certas conexões no passado.
O ritmo nascido na Jamaica nos anos 60 está ligado à cultura rastafári, para quem Jah (Deus) reencarnou como um africano - Haile Selassie 1º, que tornou-se rei (e ditador) da Etiópia em 1930.
Para os rastas, Selassie pertencia à linha de descendência do rei Salomão. Ele ficou no poder da Etiópia por 44 anos, até ser deposto. Morreu em 1975.
Na Jamaica, o rastafári teve como líder o pensador Marcus Garvey. Um dos principais difusores dessa filosofia foi Bob Marley (1945-81), que chegou a encontrar-se com Haile Selassie e a ganhar um anel religioso do rei.
Os rastafáris não bebem álcool, são vegetarianos e, como não cortam os cabelos, muitos utilizam o penteado "dreadlock". O fumo da maconha é considerado uma forma de alcançar a meditação plena e uma melhor conexão com Jah.
Muitas das letras de Bob Marley fazem referências ao vegetarianismo (adotado pelos rastas), ao Velho Testamento e evocam redenção e transcendência (como "Exodus", "Redemption Song", "Blackman Redemption").
B"H
ResponderExcluir5767,Menachem Av,10
Muito bom meod meod.Baruch Hashem por sua Chai chaver Matityiáhu!Yevarechechá Hashem,HasKadosh baruch Hu!Espero que mantenhamos contato!