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Museu mostra "medicina mortal" dos nazistas

 
Deutsche Welle - 13/10/2006
 

Museu mostra "medicina mortal" dos nazistas

Entrada da exposição no Museu de Higiene  
Entrada da exposição no Museu de Higiene

Uma exposição no Museu de Higiene de Dresden documenta a política extermínio de Hitler. Organizada pelo Museu do Holocausto, de Washington, ela despertou protestos, mesmo antes da abertura.

O assassinato de dezenas de milhares de pessoas com deficiências, doentes mentais e incuráveis foi o primeiro ato sistemático de extermínio do regime nazista, que mais tarde teria pavorosa continuação nos campos de concentração. Além disso, cerca de 400 mil pessoas sofreram esterilização compulsória, sob a alegação de "inferioridade genética".
 
 
A mostra Medicina mortal – Delírio racial no nacional-socialismo documenta no Museu de Higiene de Dresden essa política racial aniquiladora. O evento tem gabarito internacional, pois foi organizado pelo United States Holocaust Memorial Museum de Washington, uma das mais conceituadas instituições de pesquisa sobre o Holocausto.
"É a primeira vez que o acervo do Museu do Holocausto é exibido fora dos Estados Unidos", diz Klaus Vogel, diretor do museu anfitrião. "Trata-se, portanto, de uma grande honra e uma grande distinção para nós". Por outro lado, ele sublinha a importância de, enquanto alemão, se ocupar da própria história.
Deturpado pelo nazismo
O Museu da Higiene foi fundado em 1911 com o fim original de divulgar conhecimentos científicos sobre higiene e uma forma de vida saudável. Entretanto, a partir de 1933, os nazistas o instrumentalizaram cada vez mais como instituto de propaganda, a fim de difundir sua política racial exterminadora.
 
'Mulher saudável, povo saudável', cartaz de 1932
 'Mulher saudável, povo saudável', cartaz de 1932
 
"O Museu da Higiene não era uma instituição assassina no sentido de que pessoas fossem mortas aqui. Mas, através de exposições itinerantes e painéis didáticos, maciçamente utilizados na época nazista, manipulou-se a definição do que fosse supostamente digno ou indigno de vida", explica Vogel.
Através de fotos, textos e filmes, a atual exposição demonstra como os nazistas desenvolveram uma assim chamada "política de saúde". Com o apoio de médicos e antropólogos, esta desembocaria no extermínio de milhões de judeus na Europa.
Após o "decreto da eutanásia" de Adolf Hitler, de 1º de setembro de 1939, começou, sob enorme sigilo, o extermínio de deficientes e doentes psíquicos ou incuráveis, incluindo crianças. Trabalhadores forçados desabilitados, presos dos campos de concentração e soldados doentes da Wehrmacht também foram sacrificados pelo programa.
Codinome T4
A operação foi realizada sob o signo secreto "T4", a partir do endereço da central de organização: Tiergartenstrasse 4, em Berlim. Entre 1940 e 1941, mais de 70 mil pessoas morreram através de gás letal ou fuzilamento, nas mãos dos médicos e enfermeiros de seis instituições centrais. Uma delas situava-se em Pirna, Saxônia, e outra no Castelo Grafeneck, em Württemberg.
 
 
Em decorrência de protestos da população e das Igrejas, o genocídio oficial foi suspenso em meados de 1941. Porém, a matança seguiu ocultamente: dezenas de milhares de pessoas continuaram morrendo por ingestão de medicamentos ou inanição, em inúmeros hospitais e clínicas.
Grande parte dos médicos participantes dessas atrocidades jamais respondeu por seus atos, continuando a clinicar após a guerra. Durante décadas, o tema permaneceu tabu na Alemanha. Somente nos anos 80 começou a grande elaboração. Desde 1989, uma placa relembra as vítimas, no edifício número 4 da Tiergartenstrasse.
Necessidade atual de tolerância
Diversos hospitais já se ocupam criticamente deste capítulo de sua história. Com a presente mostra especial, o Museu de Higiene também assume a própria responsabilidade, na qualidade de instituição que, sem reservas, prestou-se a apoiar e propagar os "programas de higiene de massa" dos nacional-socialistas.
 
Em face à recente avanço do partido de extrema direita NPD na Saxônia e em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, a mostra pretende ser também um brado por maior consciência democrática e tolerância social na sociedade. Ela é acompanhada por projetos teatrais pedagógicos, conversas com testemunhas da época e leituras, todos dirigidos ao público jovem.
Mortes continuaram após 1945
Nos EUA, a mostra recebeu 720 mil visitantes, num espaço de dois anos. Porém, na Alemanha, ela já sofreu críticas de diversas associações. O Grupo de Trabalho Federal dos (ex-)Pacientes Psiquiátricos (BPE) realizou no próprio dia da inauguração, 12 de outubro de 2006, uma ação de protesto em Dresden.
Segundo o grupo, a exposição oculta o fato que as mortes em massa por inanição continuaram nas instituições psiquiátricas, mesmo após a guerra. Apenas entre 1948 e 1949, mais de 20 mil pacientes teriam sido vítimas da arbitrariedade do pessoal médico.
Um dos casos documentados é o de um menino de quatro anos, assassinado no final de maio de 1945 com uma injeção fatal em Kaufbeuren (Baviera), embora a cidade já houvesse sido ocupada pelo Exército estadunidense.
A mostra Medicina mortal – Delírio racial no nacional-socialismo permance no Museu de Higiene de Dresden até 27 de junho de 2007.
 
(av)

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