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Marranos no mundo atual

Coisas JudaicasUm dos problemas enfrentados pelos judeus descendentes de marranos é o seu reconhecimento por outros judeus. Como já foi dito, para algumas pessoas os marranos não são judeus verdadeiros e precisam de uma conversão. 

Numa edição da revista Shalom Notícias1, encontramos um exemplo disso. Na matéria "Marranos retornados formam comunidade judaica de Natal", que foi publicada em meados da década de 80, o ex-diretor cultural do CIRN, Eder Barosh, afirma que "há mais ou menos quatro anos, a Confederação Israelita do Brasil enviou o Rabino ortodoxo Eliahu Valt para conhecer os "novos judeus de Natal". Na publicação, Barosh relata a vinda de Valt: Apesar da prática religiosa e da identificação das famílias com o sionismo, não foi fácil para os "retornados' serem reconhecidos como tal por outros judeus. Muitos nunca o fizeram.

Barosh lembra com tristeza que, há mais ou menos quatro anos, ao tomar conhecimento de sua existência, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) enviou o Rabino ortodoxo Eliahu Valt para conhecer os "novos judeus de Natal". "Naquela época", ele relata, "fazia parte do nosso grupo Willy Daubi, judeu ashkenazi que hoje mora em Recife. Além de não nos considerar judeus. Eliahu Valt foi aconselhar Daubi a não conviver conosco, mas ele não lhe deu ouvidos". "Por outro lado", acrescenta Barosh com orgulho, "temos no Rabino Henry Sobel (da Congregação Israelita Paulista, conservador) um grande amigo. 


Apesar de nunca ter vindo a Natal, Sobel nos assessora no que pode. seja mandando matzot  e vinho na época de Pessach (a Páscoa judaica), seja enviando material de ensino religioso Eliahu Valt se sentiu no direito de divulgar uma resposta sobre as declarações de Barosh. 

E o fez através do mesmo veículo impresso:
O Rabino Eliahu Valt procurou Shalom Notícia, posicionando-se sobre a matéria "Marranos retornados formam comunidade judaica de Natal", publicada no número 134. Na matéria, o ex-diretor do Centro Israelita do Rio Grande do Norte, Eder Barosh, afirma que Valt foi a Natal há quatro anos, para conhecer os "novos judeus" conforme solicitação da Confederação Israelita do Brasil (Conib), mas não considerou os marranos retornados como judeus.


Segundo Valt, "na realidade fui ao Rio Grande do Norte em 1982, a pedido da Agência Judaica, que recebera diversos pedidos de imigração para Israel. Entrevistamos cerca de 15 pessoas, uma das quais se disse judia "por gostar de Golda Meir". "Fizemos apenas um relatório e não uma pesquisa a respeito da história dos marranos. 


Com base no que vimos, não havia nenhum elemento real para que as pessoas entrevistadas fossem consideradas judias". "Agora, não conheço a história dos marranos, e se eles de fato têm uma origem judaica, não o comprovaram naquele momento" disse Valt.
O Rabino afirmou ainda que, "ao contrário do que disse o sr. Barosh, de quem francamente não me recordo, tenho inclusive mandado pessoalmente e sem problemas pacotes de matzot para os marranos de Natal".

O já citado Rabino Henry Sobel teve sua opinião a respeito do retorno dos cristãos-novos divulgada num site3 sobre a lei do retorno:
Cristãos-novos são aqueles judeus, especialmente da Espanha e Portugal (também chamados "Marranos"), que foram obrigados a se converter ao catolicismo durante a Inquisição e outras perseguições, embora freqüentemente continuassem a praticar o Judaísmo em segredo.


Quanto ao seu status perante a comunidade judaica: a lei afirma que quem nasce de mãe judia é judeu. Portanto, enquanto a ascendência materna for judaica, os descendentes permanecem judeus através das gerações. Assim sendo, quando um cristão-novo deseja voltar formalmente ao Judaísmo, seria ilegal exigir que ele se convertesse, pois isto implicaria que sem tal conversão ele não é judeu. 


Entretanto, embora não seja exigida urna conversão formal, é costume submeter os cristão-novos a alguma espécie de ritual para assinalar seu "regresso" à comunidade judaica. Isto é feito simbolicamente através de uma promessa de chaverut, lealdade ao Judaísmo. Uma vez que eles foram criados dentro do Cristianismo, é necessário que se comprometam a estudar as doutrinas e as práticas judaicas, e afirmem sua disposição de cumprir os mandamentos do Judaísmo.

"Os porquês do judaísmo" - Rabino Henry I. Sobel

Mas essa questão está longe de ser recente, pois os marranos brasileiros não foram os primeiros judeus a serem forçados a mudar para outra religião e esquecer a sua cultura. Encontramos no site "HaLapid – The society for cripto-judaic studies" uma análise do Rabino Daniel Kunin4 sobre opiniões rabínicas à respeito do assunto, em três épocas.


No remoto século II, o Rabi Akiva já argumentava a respeito da apostasia dos marranos dizendo que é melhor morrer do que descumprir a Lei, ou seja, ele achava que era melhor morrer do que se converter forçadamente à outra religião. Na mesma época, o Rabi Ishmael defendia que os judeus deveriam viver pela lei e não morrer por ela.


No século XI, Rashi mostrava um ponto de vista menos rígido do que o Rabi Akiva afirmando que os anusim deveriam ser recebidos de volta ao povo judeu caso se submetessem a uma brit milah (circuncisão), além de tomar um banho ritual diante de um beit din. 


Ainda no século XI, Rabi Gherson era contra a idéia de Rashi e dizia que excomungaria quem provocasse qualquer embaraço aos que retornam. Na mesma época, o sábio judeu Maimônides tinha idéia semelhante à do Rabi Gherson e dizia que os anusim são judeus completos, não necessitando de qualquer cerimônia ritualística para o seu retorno.

Rabinos do século XX também se posicionaram a respeito do retorno dos anusim. Por exemplo, o Rabi Mordechai Eliahu segue o mesmo pensamento de Rashi e exige uma brit milah seguida por um banho ritual para que um marrano seja considerado um judeu. Contrário a ele, o Rabino Aaron Soloveichik segue o pensamento de Maimônides e afirma que os marranos devem ser considerados como judeus plenos, podendo ser chamados à Tora, ser contado para o minyan, entre outros. 


Mas Soloveichik lembra que apenas quando um desses anusim quiser se casar com um judeu tradicional, ele precisa passar pela conversão com brit milah e banho ritual. Por fim, Daniel Kunin conclui que cada comunidade deve analisar qual o caminho a seguir para receber os descendentes de marranos.

Autor: Nestor Burlamaqui, jornalista, bacharel em Comunicação Social pela UFRN.

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2 Comentários
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  1. Sou marrano e tenho muito orgulho,sim. Não quero ser intolerante, sou praticante dos costumes e das tradições, sou temente ao Senhor, busco me fortalecer na familia. Sabemos da decendencia judaica, mas me entristece ser rejeitado pelo meu proprio povo, não ser aceito pela comunidade judaica. Mas, o que mais importa é ser aceito por Deus que sabe de nossa luta diária para estar proximo de nossos antepassados.
    Shalon !!
    William Prata, São Paulo SP

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  2. também sou marrana ,pratico a religião com meus filhos e marido tb marrano,não ligo se a comunidade judaica não me aceita com judia,pq o que importa é o eterno que sabe quem sou e de onde vim,também tenho orgulho de ser marrana.
    jamais faria conversão,não me importa o reconhecimento de ninguém.

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