O Líbano rejeitou o projeto de resolução da ONU para um cessar-fogo feito por Estados Unidos e França, enquanto Israel prosseguia hoje com seus ataques aéreos contra as infra-estruturas libanesas. Responsáveis do escritório do primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, confirmaram hoje à Efe que o texto não agradou ninguém em Beirute e revelaram que o Líbano vai a enviar a Nova York o alto funcionário do Ministério de Exteriores do país árabe Tareq Mitri, que exigirá uma emenda. "Achamos que o texto, tal como está redigido, não inclui todas as reivindicações do Líbano. Desta maneira, queremos que seja corrigido e vamos exigir isso", afirmou um porta-voz.
»França e EUA chegam a acordo sobre Líbano
Após várias semanas de debate, França e Estados Unidos chegaram neste sábado a um acordo destinado a acabar com a violência que atinge o Líbano há 26 dias e a assentar as bases para a criação de uma solução duradoura para o conflito. O porta-voz afirmou que "o texto não se ajusta ao plano de sete pontos apresentado pelo Líbano, no qual se inclui a retirada total israelense do sul do país árabe e um mandato da ONU para as Fazendas de Chebaa", região estratégica localizada na fronteira libanesa com a Síria e Israel, e ocupada pelo Exército israelense.
A negativa libanesa complicou a aprovação do texto por parte do Conselho de Segurança da ONU, que na noite de sábado começou a discuti-lo. O grupo xiita Hezbolá afirmou na noite de sábado que apenas respeitará o cessar-fogo se "não ficar nenhum soldado de Israel em território libanês".
Enquanto a queda-de-braço diplomática prossegue, Israel não continua com seus ataques diários contra cidades do sul do Líbano e infra-estruturas libanesas no norte. Pelo menos seis civis morreram hoje e outros cinco ficaram feridos em um ataque aéreo israelense nas proximidades de Sidon, cerca de 40 quilômetros ao sul de Beirute, informaram fontes policiais.
Segundo o relato da Polícia, aviões de combate israelenses lançaram um míssil ar-terra contra uma casa habitada por 11 pessoas na localidade de Ansar, vizinha ao porto de Sidon. Meia hora depois, enquanto as equipes de resgate trabalhavam entre os escombros, a aviação israelense realizou um novo bombardeio, afirmaram as fontes. A cidade de Sidon amanheceu no sábado repleta de panfletos do Exército israelense, que pedia aos moradores que abandonassem suas casas, já que considerava que membros do Hezbolá estavam escondidos entre a população.
Ao leste do país, na região de Baalbeck, os caças-bombardeiros israelenses atacaram várias estradas que ligam o vale às montanhas do Líbano. Além disso, foram bombardeados alvos no norte de Beirute e destruídas duas pontes na província de Akkar, próxima da fronteira com a Síria. Até o momento, não foi informado se estes ataques deixaram vítimas.
O primeiro bombardeio israelense inutilizou uma parte da estrada que liga as montanhas a Beirute, nas proximidades da localidade cristã de Zahle, cerca de 50 quilômetros ao norte da capital.
O segundo aconteceu um quilômetro ao oeste e o terceiro na estrada entre o Monte Líbano, Beka e o litoral do país. Além disso, um bombardeio deixou inutilizada a estrada que passa por Ainata e leva aos famosos cedros do Líbano.
Durante a noite de sábado, os aviões israelenses atacaram seis alvos vinculados à Frente Popular de Libertação da Palestina-Comando Geral (FPLP-CG), na localidade de Qusaya-Kfar Zabad, no vale de Beka. Na manhã de hoje, a aviação israelense atacou posições na área de Iqlim al-Tufah, um dos pontos fortes da Resistência Islâmica no sul desse mesmo vale.