As forças de Israel e o grupo terrorista libanês Hizbollah deram início nesta segunda-feira a um cessar-fogo que visa acabar com a guerra iniciada há mais de um mês, e que já deixou mil mortos no Líbano e mais de cem em Israel.
Neste primeiro dia de trégua, o governo israelense prometeu perseguir o Hizbollah, ao mesmo tempo em que o grupo comemorou "vitória" contra o Exército de Israel. O conflito causou cerca de 1.200 mortes, deixou cerca de 1 milhão de deslocados e bilhões de dólares em prejuízos.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, elogiou hoje a resolução 1.701 da ONU (Organização das Nações Unidas) e prometeu "perseguir até onde for e por todo o tempo" os líderes do Hizbollah, entre eles o líder do grupo, xeque Hassan Nasrallah.
Olmert afirmou que Nasrallah e outros chefes do Hizbollah passaram à clandestinidade e não serão perdoados. "Nós os o tempo todo e em todo lugar. É nosso dever moral, e não necessitamos da permissão de ninguém", disse.
Pouco depois, o canal de TV Al Manar, órgão de comunicação do Hizbollah, transmitiu um discurso de Nasrallah. O líder do Hizbollah afirmou que os combates de seu grupo contra Israel no último mês são "uma vitória estratégica e histórica para todo o Líbano e para a resistência". Nasrallah acrescentou que o grupo irá ajudar na recuperação das casas destruídas no sul do Líbano.
O cessar-fogo está sendo cumprido exceto por incidentes isolados nos quais dois membros do Hizbollah morreram em confronto com soldados israelenses.
Nas cidades do norte de Israel, apesar das advertências do Comando da Defesa Civil, dezenas de milhares de pessoas saíam dos refúgios antiaéreos. No Líbano, milhares retornavam a suas aldeias no sul do país, apesar das recomendações contrárias do Exército israelense.
O cessar-fogo, aprovado por ambos os lados, faz parte da resolução 1.701 da ONU --adotada por unanimidade pelo Conselho de Segurança (CS) na última sexta-feira (11). A interrupção da violência também permite que agências humanitárias possam agir mais efetivamente na região.
Israel
Para rebater as críticas da oposição de direita, Olmert afirmou que a resolução 1.701 é "de grande importância" para toda a comunidade internacional e "uma conquista diplomática para Israel".
O premiê afirmou ainda que "só Israel e o Líbano são responsáveis por seus territórios" e a resolução 1.701 "é um precedente que não admitirá que volte a haver um Estado terrorista dentro de outro", como o "Hizbollah, que chamou de braço do Irã e da Síria no Líbano".
O chefe da oposição parlamentar israelense, o direitista Binyamin Netanyahu, líder do partido Likud, afirmou no Parlamento que "as metas que o governo fixou não foram alcançadas ainda", em alusão ao fato de a 1.701 não garantir a libertação dos dois soldados capturados pelo Hizbollah em 12 de julho, um dos motivos pelos quais Olmert lançou a ofensiva militar.
Os críticos do governo, alguns dos quais no setor pacifista, exigem a renúncia do primeiro-ministro, reprovam-no por ter ampliado as operações militares pouco antes de saber da resolução da ONU para o cessar-fogo, enquanto os detratores da direita o acusam por não tê-lo feito antes.
Trégua
Nesta segunda-feira, ao menos 24 caminhões comandados pela ONU, carregados com medicamentos, água e mantimentos, partiram da cidade de Saida em direção a Tiro, que fica no sul do Líbano e foi duramente bombardeada durante o conflito.
Apesar do cessar-fogo, o fim dos ataques deve ser gradual, e Israel só retirará seus soldados [cerca de 10 mil] após 15 mil solados libaneses --apoiados por uma força multinacional-- assumirem o controle da região. Essa substituição de controle de tropas também faz parte do acordo, e visa afastar o Hizbollah do sul do Líbano e interromper os ataques de foguetes e mísseis contra o norte de Israel.
De acordo com informações de agências internacionais, desde o início do cessar-fogo, às 8h desta segunda-feira (2h de Brasília), o clima no Líbano é mais tranqüilo e já há pessoas andando nas ruas, outras tentam voltar para o que restou de suas casas.
Desde o início dos confrontos, em 12 de julho, quando dois soldados israelense foram seqüestrados pelo Hizbollah --a ação deixou ainda oito soldados israelenses e dois membros do Hizbollah mortos--, Israel vem castigando o território libanês por terra, ar e mar. O Hizbollah também lançou mais de 3.000 foguetes contra o norte de Israel.
O resultado da violência é alarmante. Cidades inteiras no Líbano foram destruídas e cerca de 900 mil pessoas tiveram de deixar suas casas. A fim de barrar a movimentação do Hizbollah, Israel destruiu grande parte da infra-estrutura do país, e teve como alvo pontes e estradas que davam acesso à Síria --único local para onde os civis podiam fugir antes de se chegar a locais seguros, como a Turquia.
Os brasileiros que escaparam da região tiveram de atravessar o país [correndo o risco de ser alvo de ataques israelenses] em ônibus até Damasco, para depois seguir até a Turquia e embarcar em aviões para o Brasil.
Na manhã desta segunda-feira, pouco antes do início do cessar-fogo, aviões israelenses sobrevoaram o Líbano, e houve confrontos por terra no sul do país. Há registro de sete mortos, todos vítimas de bombardeios de Israel ocorridos na madrugada de hoje, quando bombas acertaram uma van que passava pela cidade de Baalbek. Também foram disparadas sirenes de alerta no norte de Israel, mas não houve registro de queda de foguetes na região.
Nesta segunda-feira, emissoras de TV libanesas emitiram muitos alertas para que a população tome cuidado com os artefatos lançados pelas forças israelenses que não explodiram no momento do ataque, mas que podem ser ativados a qualquer momento.
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Magal
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Israel promete perseguir Hizbollah; grupo proclama vitória
segunda-feira, agosto 14, 2006
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