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Haifa, uma cidade sob fogo cerrado

 
 
Oriente Médio
Haifa, uma cidade sob fogo cerrado
RODRIGO LOPES/ Enviado Especial/Haifa

Anoitece, e o calor de 28ºC desta quinta-feira de verão no Oriente Médio dá lugar a uma brisa que sopra do Mediterrâneo. O sol se põe no mar, à esquerda, ensombrecendo as montanhas do norte de Israel, à direita. A estrada que leva à fronteira com o Líbano segue a direção da orla.

O destino é Haifa, a terceira maior cidade israelense, há nove dias sob fogo cerrado dos foguetes Katiusha da guerrilha xiita do Hezbollah. São 19h15min (13h15min em Brasília). O intenso movimento de veículos que deixam a cidade é inversamente proporcional ao número dos que entram.

Ao lado dos que ficam, carros militares e policiais. Na margem, estacionamentos de fábricas estão vazios. Canteiros de obras parecem ter sido abandonados às pressas, com retroescavadeiras no meio do trabalho.

No hotel Le Méridien, base de Zero Hora desde ontem em Haifa, uma saraivada de orientações é o cartão de visitas à maior cidade do Norte:

- Quando tocar a sirene antiaérea, vá para o abrigo. Em cada andar há um. Você deve ficar lá 15 minutos, até avisarmos pelos alto-falantes que pode sair. Não aconselhamos a sair para a rua agora. Como vês, não há ninguém lá.

A 30 quilômetros da fronteira com o Líbano, Haifa apresenta cicatrizes do front: o teto do tribunal desabou na explosão de um foguete. Os vidros quebrados de uma estação ferroviária lembram um dos primeiros ataques mortíferos do Hezbollah nesta crise: seis funcionários israelenses morreram quando o local foi atingido.

Se Tel-Aviv permitia esquecer por alguns segundos a guerra, Haifa não dá essa chance. As marcas aparecem em árvores caídas, em um buraco no meio da rua. De repente, os faróis do carro iluminam o que sobrou de um prédio residencial de três andares. Um lado inteiro, de três apartamentos, está no chão.

- Escreve aí para os brasileiros que isso foi resultado do terrorismo - diz um funcionário da defesa civil que guarda o local, enquanto outros dois bebem café sentados a uma mesa próximo às ruínas.

Perto dali, na Rua Halia, as luzes do minimercado Toblerone se destacam na escuridão, um dos poucos estabelecimentos abertos. O proprietário, Faraj, um árabe-israelense de 53 anos, contabiliza com a mulher os prejuízos. Vale a pena abrir?

- Claro. As pessoas têm de comprar em algum lugar para continuar vivendo - justifica.

No hotel, é hora de conferir o abrigo: uma peça de quatro metros quadrados, com uma mesa de passar roupas, cobertores e um cheiro insuportável de umidade. A pintura branca esconde paredes de concreto. Uma porta no chão dá acesso a uma peça semelhante no andar de baixo. Não há ar-condicionado ou calefação. Dois minutos a passos lentos lá dentro, e o suor já escorre pelo rosto. Imagine 15 minutos sob tensão.

( rodrigo.lopes@zerohora.com.br )
Para seu filho ler
O Hezbollah (se lê Resbolá), um grupo radical do Líbano, é inimigo de Israel. Na semana passada, o Hezbollah atacou Israel, matou oito soldados e seqüestrou dois. Israel, então, começou a bombardear o Líbano com seus aviões e canhões. Já o Hezbollah atirou foguetes contra Israel.
Nesta guerra, já morreram pelo menos 340 pessoas, entre elas sete brasileiros que estavam no Líbano. Milhares de pessoas de outros países estão fugindo de avião ou de navio do Líbano.
clicRBS
Confira a cobertura completa do conflito no Oriente Médio no site

Multimídia

Os foguetes do Hezbollah atingiram na segunda-feira um prédio em Haifa, deixando pelo menos três pessoas feridas

Abrigo antiaéreo do hotel Le Méridien
 
 
 
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