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Comércio chinês abastece a guerra-no O Estado de hoje

 
Comércio chinês abastece a guerra
Artigo
Stephen
Pollard*

A história por trás da história no Oriente Médio é hoje uma guerra por procuração, à medida que Israel, em nome dos EUA, ataca o Hezbollah, que luta em nome do Irã e da Síria. É possível ampliar essa questão e descrever os participantes como procuradores do Ocidente versus o islamismo militante. Essa análise do conflito às vezes menciona de passagem a influência declinante da Rússia, mas há um outro participante que não tem recebido quase nenhuma cobertura.


Há décadas que a China vem aumentando sua influência no Oriente Médio. É bom para a estratégia da China que essa cobertura seja quase inexistente. Como disse uma vez Deng Xiaoping, a China deve 'esconder o brilho e alimentar a obscuridade ... para aguardar o momento oportuno e aumentar nossas ca

pacidades'. No momento em que a China vai evoluindo para o papel de potência global, sua influência na região agora não pode ser ignorada.


Os procuradores originais do

Oriente Médio pós-guerra foram os EUA e a União Soviética.
Washington apoiando Israel e a União Soviética patrocinando regimes inimigos e suas ramificações terroristas. Mas a cisão sino-soviética levou a China a se envolver, e logo o país começou a criar laços com países que não
estavam sob a influência da URSS, como o Egito.
Uma brilhante análise do papel da China, escrita por Barry Rubin na revista
Middle East Review of International Affairs, descreve os primeiros passos da China assim: 'Enquanto a esperança de uma revolução global se desvaneceu e o governo chinês trocou de parceiros, passando de minúsculos grupos de oposição a governos, a China se projetou como o líder do Terceiro Mundo, lutando contra a hegemonia das duas superpotências, a URSS e os EUA. Sem a força e nível de desenvolvimento das outras grandes potências, a China tentaria se converter na cabeça de uma coalizão maciça de Estados mais fracos'. No Oriente Médio, isso significou os inimigos de Israel.


Hoje países como Arábia Saudita, Irã e Paquistão - todos Estados-chave na região - têm fortes laços com a China, que provavelmente encaram como contrape
so ao poderio americano no Oriente Médio e além. Como disse o presidente Jiang Zemin em 1994, a 'hegemonia' dos EUA precisa ser contraposta, em parte para ajudar países como o Irã, que já estava travando essa batalha. Mas a estratégia da China conjugou a geopolítica com a necessidade econômica. Sem acesso aos mercados de petróleo, a China teve de recorrer a fornecedores mais negligenciados, como Irã, Iraque e Sudão. E com o crescente consumo do petróleo do Golfo Pérsico, precisou direcionar sua política de segurança no sentido de garantir que os EUA não pudessem interferir no fluxo de petróleo. Isso significa criar relações políticas e estratégicas cada vez mais fortes com os exportadores de petróleo.


A visita oficial de Jiang à Arábia Saudita em 1999 consolidou o que ele chamou de 'parceria

estratégica do petróleo'. Em 1996, a Arábia Saudita exportou 60 mil barris por dia para a China. Já em 2000, as exportações foram de 350 mil barris/dia (17% das importações de petróleo da China). As exportações de petróleo iraniano subiram ainda mais depressa, de 20 mil barris/dia em 1995 para 200 mil em 2000.


Agora o Oriente Médio é o quarto maior parceiro comercial da China. Mas esse não é um comércio tradicional. Como diz Rubin: 'Entrando tão tarde na região - e tendo menos a oferecer em termos econômicos e de tecnologia que EUA, Rússia, Japão e Europa - a China precisa ir
atrás de mercados marginais ou arriscados - fornecendo a clientes mercadorias que ninguém mais lhes venderia.' O que, é claro, quer dizer armas.


Na análise da guerra por procuração diz-se, corretamente, que o Irã é o poder e o fornecedor de armas por trás do Hezbollah. Mas a questão de onde vêm as armas do Irã tem sido ignorada. A China tem vendido ao Irã tanques, aviões, canhões, mísseis de cruzeiro, antitanque
e antiaéreos, assim como navios e minas. A China é também o principal fornecedor de armas não convencionais ao Irã e a maioria dos monitores acredita que esteja envolvida no fornecimento de elementos-chave para o programa de armas químicas e nucleares do Irã. Isso apesar de a China ser signatária do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e da Convenção sobre Armas Químicas.
A China tem vendido reato
res nucleares à Argélia, Irã, Síria e Arábia Saudita. Também tem negociado com a Síria a venda de mísseis balísticos M11.
A China e a Arábia Saudita têm mantido sua relação o mais secreta possível, mas um especialista, Robert Mullins, calcula que no mínimo mil consultores militares chineses estejam nas instalações de mísseis sauditas desde meados de 1990.


Porém, como quase todos os comerciantes ilícitos bem-suce
didos, a China é ideologicamente pródiga nas suas relações. Ávida por fornecer armas aos inimigos de Israel em troca de petróleo, sente-se igualmente feliz negociando com Israel em troca de sua tecnologia. Como disse o en tão primeiro-ministro Binyamin Netanyahu aos chineses quando defendeu um investimento israelense na China: 'O know how de Israel é mais valioso que o petróleo árabe.' Estimase que exista um comércio de ar mas entre China e Israel de US$ 1 bilhão a US$ 3 bilhões. Mas o fluxo de armas e tecnologia de armas tem sido de Israel para a China. Uma explicação mais aprofundada da realpolitik do Oriente Médio tem de incluir a China, a próxima superpotência do século 21.

* Stephen Pollard é membro sênior do Centro para a Nova Europa, com sede em Bruxelas. Ele escreveu para ´The Times´

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