Chovem morteiros em Israel

Chovem morteiros em Israel
Nahum Sirotsky

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O Ministro da Defesa de Israel calcula que cerca de 2.500 morteiros já caíram em cidades e centros agrícolas em Israel. Peretz avisa que muitos mais virão. Dois mil e quinhentos até as 16 horas. Já caíram outros.

 

Na manhã de hoje morreram dois homens em Haifa que sofreu dezenas de feridos. Um dos homens morreu quando acertaram-no no seu automóvel. O outro quando saía de sua casa para entrar num abrigo. Não chegou a tempo. Um minuto entre a sirena e chegar a abrigo é muito pouco. No meu caso particular já me conformei que não terei o tempo. Ficarei esperando que o bicho passe sem me pegar. Não sou nem doido nem valente, só sem alternativa.

Informo para lembrar que muitos estarão na mesma situação. Guerra é uma grande merda. Os mísseis já chegaram a cidades jamais atingidas em guerras anteriores. E cada vez mais perto daquela em que vivo. Continuam os avisos do governo para que os cidadãos se mantenham em alerta para primeiro sinal de ataque.

Ajuda onde é possível. Não é segredo que os israelenses preparam tropa para entrarem no sul do Líbano para operação considerada vital. Nas cercanias onde vivo, e meu edifício, já foram convocados vários reservistas. Tenho uma questão legal a resolver. Meu advogado de menos de 30 anos, pai de primeira filha há 4 dias, me preveniu que deve ser convocado.

A operação sul do Libano tornou-se inevitável pela quantidade de mísseis que continuam vindo de uma região que vem sendo atacada pela força aérea e artilharia sem cessar. É onde o Hezbollah construiu a sua grande base no Líbano, o sul sobre a qual assumiu total controle.

O governo libanês não ousou desafiá-lo. As forças do Hezbollah são superiores. Sabe-se que o Hezbollah teve seis anos para montar o seu sistema ofensivo e defensivo no sul. Ele construiu um número desconhecido de túneis onde esconde suas armas e sua gente. É tática semelhante à adotada pelo Vietnã de Norte na guerra com os Estados Unidos.

Apesar de absoluta superioridade em armas e tropas os americanos não conseguiram vitória devido à tática dos túneis. Mas existem diferenças entre os territórios. O Vietnã era floresta, o Hezbollah tem um território quase que descoberto. A tropa israelense estaria preparando a ofensiva para destruir o sistema.

Será uma batalha violenta e provavelmente com muitas vítimas. Mas os israelenses vão lutar para destruir todos os túneis que têm suas entradas e saídas em casas. So então, talvez, acabarão os ataques de mísseis ou serão consideravelmente reduzidos.

O chamado milagre de relativamente tão poucas mortes em Israel tem simples explicação. O país atravessou inúmeras guerras daí não existir um edifício sem abrigo antiaéreo e existirem abrigos municipais por todos os cantos. Em todo os centros populacionais as sirenas avisam ataques. Nos centros de grande população religiosa são usadas para avisarem começo e fim do sábado, a sabá.

Há rumores de que a Síria ameaça Israel caso seja atingida por artilharia israelense. Ao mesmo tempo terá enviado mensagem aos Estados Unidos aceitando ajudar a resolver a crise com o Hezbollah. O presidente do Islã, por sua vez, o mais terrível inimigo de Israel no mundo, diz que chega a hora do fim do estado judeu.

Não é como jogo de futebol com torcidas diferentes. No Brasil parece que se cria a impressão de que só um os lados apanha o que é muito longe da verdade. Nem aos bandidos do PCC convidaria para experimentarem a emoção da queda de um míssil. Os mais valentões perderiam o controle sobres um dos principais orifícios do corpo humano.

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