Tensão na França pela morte do jovem judeu

Morte de judeu eleva tensão na França

Deborah Berlinck
Correspondente

PARIS. A morte de um jovem judeu francês, Ilan Halimi — encontrado no dia 13 nu e agonizante junto a trilhos de trem, com o corpo torturado e queimado, após três semanas de seqüestro — ganhou dimensão política. Doze pessoas, entre as quais simpatizantes do salafismo (movimento islâmico radical), estariam envolvidas.
Autoridades disseram que o assassinato foi, em parte, motivado por sentimentos anti-semitas. O crime representa um peso para o governo num momento em que ele tenta evitar o choque entre duas comunidades e combater sentimentos anti-semitas e anti-árabes. Hoje o presidente Jacques Chirac deve ir a uma cerimônia em homenagem à vítima na Sinagoga Victoire.
Ministro do Interior pede calma
A comunidade judaica francesa está indignada. O suposto líder da gangue que seqüestrou Halimi, o muçulmano Youssouf Fofana, estaria foragido na Costa do Marfim, para onde a França enviou dois investigadores.
Partidos políticos e associações anti-racismo estão se aliando aos protestos. O Conselho Francês de Instituições Judaicas convocou uma passeata no domingo e dois grandes partidos confirmaram presença: o UMP, do governo, e o Socialista.
Aos 23 anos, Ilan Halimi era vendedor de aparelhos de telefone numa loja em Paris. Estava no trabalho quando foi atraído por uma mulher. Quando se encontrou com ela, foi surpreendido por criminosos, que contactaram sua família para pedir dinheiro. Não está claro o que aconteceu nas três semanas em que esteve no cativeiro. Aparentemente, Halimi foi escolhido porque “judeu tem dinheiro”, disseram pessoas interrogadas.
A juíza que investiga o caso, Corinne Goetzmann, concluiu que o fato de Halimi ser judeu contribuiu não só para a sua escolha, como para a tortura.
Temendo um aumento da tensão entre as comunidades judaicas e árabes, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, tentou acalmar os ânimos:
— O que não precisamos agora, além da barbárie, é de intolerância e racismo.