Oriente Médio |
Rumores de guerra |
NAHUM SIROTSKY/ Correspondente/Jerusalém |
Um influente e respeitado jornal britânico informa ter descoberto que Israel planeja atacar o Irã em março. O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, no entanto, distribuiu um enfático desmentido, lembrando já haver dito que a questão terá de ser resolvida pela diplomacia internacional. É mais do que óbvio que recentes declarações do Irã preocupam. Para o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, Israel não merece existir. Na melhor das hipóteses, como ele próprio propôs, deveria ser "transferido" para uma área que os austríacos e alemães doariam. Surgiram protestos até do Conselho de Segurança e do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan. A inimizade dos aiatolás nunca se expressou em termos tão prenhes de ameaças - e em um momento em que continuam as suspeitas de que Teerã prepara o necessário para fabricar bombas nucleares. Mohamed El-Baradei, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e prêmio Nobel de Paz de 2005, observou que seus inspetores nada encontraram que pudesse comprovar essas suspeitas. Ao receber o prêmio, apelou para que não se atacasse o Irã. Um Irã nuclear, devido a sua posição geográfica na Ásia, é uma ameaça muito concreta aos países que dependem do petróleo do Oriente Médio como fonte energética. A inimizade entre o Irã e os EUA vem de 1979, quando os aiatolás lideraram a revolução que derrubou o xá, aliado e protegido de Washington, assumiram o poder e criaram o atual Estado teocrático, o Estado de leis islâmicas. Já a inimizade por Israel tem outra explicação: consideram inaceitável um país não-muçulmano na região. Israel, com seus 7 milhões de habitantes, se vê abertamente ameaçado pelo Irã de cerca de 1,6 milhão de quilômetros quadrados e 69,8 milhões de habitantes. A especulação sobre guerra, no caso, é inevitável. |