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Chag Chanuka Sameach






Chanuká e o Homem Judeu Contemporâneo

(fonte: Eitan - Sociedade Cultural http://www.eitansp.org.br/ )

I) Em seu livro "Essência do Judaísmo", Leo Baeck disse que "cada geração deve buscar aquilo que é relevante e peculiar para si mesma".
Cabe então formular-se a seguinte pergunta: Qual é a mensagem de Chanuká para nós, jovens judeus modernos? Qual é a mensagem para nós, que vivemos em uma época em que o Estado Judeu Independente é uma realidade, e, no entanto, a busca do conteúdo e metas próprias não alcançaram ainda uma resposta definitiva? Qual é a mensagem agora, numa época em que a diáspora judia procura compreender-se a si própria e compreender este fenômeno inevitavelmente em sua nova fase?
Chanuká nos obriga, como poucas outras festas judias, a repensar os três fundamentos que dão sentido a existência de uma nação: o nacional, o cultural e o religioso. Em outras palavras, deve-se analisar a eterna pergunta sobre o significado da existência coletiva do povo de Israel, tanto física como espiritual.

O Fundamento Nacional

A geração de rebeldes macabeus e seus sucessores deviam perguntar-se (assim como nós o fazemos hoje), enquanto lutava por sua libertação: porque cortar os laços que nos unem ao opressor estrangeiro? Que tipo de estado queremos criar em seu lugar? EXTENSO (grande e conquistador) ou INTENSO (criador e pacífico)?

O Fundamento Cultural

A pergunta que surge é PARA QUE? Que tipo de homem queriam formar? Como iam enfrentar-se com as culturas vizinhas? Daí sua confrontação com a concepção helênica, em todas as suas facetas. Que resposta dariam à pergunta, que não por ser antiga deixa de ser atual: escolher entre uma concepção universal, crítica, ampla OU uma concepção particularista, chauvinista, pequena e de horizontes limitados?
Em última análise: COMO CONSEGUIR UM EQUILÍBRIO ENTRE O PRÓPRIO, O CRIADO E O ADQUIRIDO, SEM PERDER O QUE HAVIA DADO RAZÃO A EXISTÊNCIA DO ENTE NACIONAL ORGÂNICO?

O Fundamento Religioso

Entendemos o termo em sua acepção mais ampla: crenças, mitos, ideologias, etc. Liberdade para si mesmo e para os demais. Usaremos a mesma liberdade para fins que nada tem em comum com a nossa meta original:

II) O significado de Chanuká para diferentes gerações:
A geração dos Sábios do Talmud colocou ênfase sobre o aspecto religioso. Num mundo marcado pelas mitzvot (mandamentos) era importante o diálogo entre o povo e seu Criador. Por isso, a purificação do Templo, o retorno ao caminho do Eterno, constituíram a meta final da rebelião. Para este grupo, herdeiro de Iocham ben Zakay, a unidade orgânica do povo seria salva, unicamente, através da Torá.
A geração do Holocausto e a da Independência do Novo Estado de Israel:
Esta geração viu no levante macabeu um símbolo de heroísmo e suas metas foram à liberdade física, a sobrevivência do povo israelita, a salvação física do homem de carne e osso e a criação de um marco que permitiria alcançar este objetivo.

Nossa Geração

Qual é o significado de Chanuká para nostra geração, agora que a sobrevivência do povo judeu está assegurada? Qual é o seu significado para uma geração que viveu o triunfo delirante em 1967, de um estado forte, expandido? Qual é seu significado para esta mesma geração, após a Guerra de Iom Kipur, em 1973?


III) Chanuká e nós:
Chanuká nos representa um capítulo a mais na contínua busca do povo judeu em favor de sua unicidade e unidade.
Por um lado tratamos de proteger o próprio, o único, a criação original do nosso povo. Recorremos ao legado macabeu: conservar o patrimônio de nossos antepassados através das leis ancestrais e lutar contra os processos de aculturação e perda da criação cultural própria. A isto chamamos de busca da unicidade. Trata-se de assumir o que nos é próprio e ser capaz de sintetizar o adquirido. Para os macabeus isto não indica a negação da cultura helênica: o que queriam era INTEGRAR o helenismo sem perder sua identidade original.
Por outro lado, trata-se de conseguir a auto-integração, procurar a harmonia da própria existência como ser humano. O macabeu se IDENTIFICARA consigo mesmo durante o processo em que a nação se assumia como tal. Unia passado e presente olhando para o futuro, podendo considerar-se LIVRE. Nisto consistia à busca da UNIDADE, da identidade do ente coletivo: a luta por SER O QUE ERAM.


IV) O Judaísmo viu-se entre contra-culturas e filosofias que o obrigaram a definir-se e a tomar posições. Assim foi com Filen de Alexandria e com Maimônides (Rambam),e assim foi também com as correntes do pensamento moderno desde Mendelssohn até Franz Rosenzweig. Surgiram várias possibilidades:
a) a perda do próprio judaísmo (por falta de convicção, por conveniência ou por outros fatores de diferentes aspectos);
b) a rejeição total ao novo, limitando assim os horizontes e provocando a alienação cultural.
A meta deve ser, em nossos dias como outrora, a integração do novo com o ancestral, para que deste modo possamos enriquecer-nos SEM PERDER OS ELEMENTOS QUE DÃO SENTIDO A PRÓPRIA EXISTÊNCIA COMO SER HUMANO INDEPENDENTE.

Esta foi à concepção que acompanhou a rebelião macabea desde o advento dos sucessores de Simão, o Macabeu. A partir destes últimos, se produziu um distanciamento da meta original. O nacionalismo como meta em si, por um lado, e a aculturação e perda dos valores originais, por outro.
Uma cultura integrada significa, em primeira análise, uma visão ampla, um enfoque universalista, o contrário do chauvinismo. E, sobretudo, NORMALIDADE. A normalidade de SER DIFERENTE, na mesma medida em que todos os povos o são. O QUE FAZ UM POVO SER IGUAL A OUTRO É SEU DIREITO DE SER DIFERENTE: esta é a definição de um nacionalismo saudável e liberado.
Assumir o próprio, o específico, é um passo indispensável para se compreender historicamente através do tempo. As perguntas DE ONDE? E PARA ONDE? Assumem magnitudes diferentes se estão situadas em um contexto no qual a criação histórica própria é valorizada e reciclada. Não existe interesse em exaltar os valores do judaísmo e suas múltiplas criações inimitáveis (na suposição de que elas existiram); o importante é ASSUMIR ESTAS CRIAÇÕES PORQUE SÃO E FORAM RELEVANTES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA EXISTÊNCIA DO POVO JUDEU.


V) Outra meta, mais conhecida, quando falamos de Chanuká ,consiste na busca da UNIDADE, e por unidade entendemos a identificação conosco mesmos, a vontade de sermos LIVRES.
Portanto a meta consiste em conseguir a LIBERDADE ESPIRITUAL. Em que consiste a liberdade espiritual? Antes de mais nada em garantir a PAZ. Esta é a característica dominante da comemoração de Chanuká. Se não fosse isto, necessitaria de sentido. Por este sentido, durante o Shabat de Chanuká lê-se o famoso capítulo do profeta Zacarias (4:6) ...esta é a palavra e Adonai a Zerubabel: Não com exércitos ou força, apenas com eu espírito.
Este enfoque precisa de sentido, para os que se consideram "santos da espada", que utilizam a palavra PAZ, porém não a vivem. Porém não são eles os porta-vozes do povo, não são eles os Profetas da Verdade. Apenas procuram arraigar-se a símbolos vazios, a mitos carentes de valor. Por isto, entendamos de uma vez e para sempre que OS SIMBOLOS NÃO TEM VALOR EM SÍ MESMOS. Tampouco o Estado é um valor em si mesmo, e sim um instrumento para se atingir a liberdade espiritual. Recordemos que Simão, o Macabeu, não considerava o estado como última meta; foram seus sucessores que desvirtuaram o pensamento dos primeiros macabeus...
As nações do mundo desejaram que o povo judeu se moldasse à sua imagem e semelhança, porém para o judeu, SER LIVRE É TER A SUA PRÓPRIA IMAGEM. Por isso os mártires que santificaram o Nome, numa das mais sublimes experiências da comunidade judia de todos os tempos - O KIDUSH HASHEM - eram livres espiritualmente. Livres em sua angústia e sua desolação, porém livres. LIVRES PORQUE ESCOLHERAM SER ELES MESMOS.


VI) Maimonides (Rambam) dizia...Os dias diferem dos outros em um aspecto: "já não seremos mais escravizados por reinos estrangeiros...".
A unidade significa também viver como ser humano; é lutar por uma vida na qual O POVO É SUJEITO DA HISTÓRIA E NÃO SEU OBJETO. Por isso a experiência macabea tem reflexões atuais para todos que vivemos em Sião: significa atuar e não servir, decidir e não se humilhar.E, por tudo o mais, ser dono de seu próprio destino.
Isto foi o que simbolizaram os macabeus, inscrevendo seu nome nas moedas que cunharam. Este é o passo sublime do ser humano, chamado povo judeu desde o Holocausto até os dias de hoje. A humanidade, acostumada a ver nosso povo como um ser impessoal, deve compreender, hoje, que estão se aproximando os dias da redenção.
É correto que a liberdade, em sua íntegra, só pode acontecer quando o coletivo social está integrado. Os macabeus representaram as classes que haviam sido depostas e ultrajadas. Para que se possa falar de ser humano é necessário que TODOS os membros do povo sejam a imagem e semelhança divina. É dizer que todos somos iguais porque o caminho da redenção está aberto para todos. E então, voltamos ao nosso começo: a nação adquire sentido quando serve de instrumento para a liberação de seus componentes.
Conclusão: De todas as festividades, Chanuká é a mais intimamente ligada à idéia de Eretz Israel. Eretz Israel como alternativa de equilíbrio entre as tensões vividas pelo povo judeu durante dois milênios de dispersão.
Quais foram (ou talvez devamos dizer quais são?) estas situações? Por um lado a condição de alienação em um mundo livre; por outro, a liberdade em um mundo de opressão.

Livres Alienados

Esta é a situação daqueles que, absorvidos pelo meio, vão perdendo suas características próprias; aqueles que vão adaptando o respeito por si mesmos através da imagem que o mundo que os circunda tem deles. Vivem uma liberdade física, porém estão se distanciando da sua identidade; perdendo todos os laços com o passado se tornam temerosos e inseguros quanto ao futuro.

Oprimidos Livres

Esta é a situação, que a nível histórico, foi representada no fenômeno do KIDUSH HASHEM (Santificação do nome). Em diversas épocas os judeus preferiram a morte antes de abandonar o laço espiritual que os unia a seu povo. São aqueles que lutam por sua UNIDADE e UNICIDADE e para MANTER A IMAGEM DO POVO JUDEU COMO SUJEITO HISTÓRICO E NÃO COMO OBJETO HISTÓRICO MOLDADO A IMAGEM E SEMELHANÇA DE OUTROS POVOS.
A alternativa de equilíbrio traz uma exigência: a liberdade dos homens livres. Repetindo, a meta consiste em criar homens DIGNOS DO espírito de Israel, e CAPAZES de sê-lo. E dizer: donos de seu próprio destino.




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