
Mulheres protagonizam o novo filme de Amos Gitai
Natalie Portman entre Hiam Abbas e Hanna Laszlo numa cena de ‘Free Zone’: olhar feminino
Um filme sobre mulheres presas numa encruzilhada do convulsivo Oriente Médio é um dos destaques da programação de hoje, último dia do Festival do Rio. Dirigido pelo israelense Amos Gitai (Kedma, 2002), que milita contra a intransigência religiosa e política na região, Free Zone oferece, de certa forma, a visão feminina sobre os conflitos que colocam em lados opostos israelitas e palestinos. O filme, que será exibido às 14h no Estação Botafogo, deu a Hanna Laszlo o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes deste ano.
Rebecca (Natalie Portman) é uma jovem americana que deseja sair de Jerusalém após o rompimento com o noivo. Hanna (Laszlo) é uma taxista que, antes de deixar a passageira em seu destino, precisa cobrar uma dívida do marido em uma região da Jordânia conhecida como Free Zone, uma espécie de Zona Franca de Manaus da região. Lá, encontram Leila (Hiam Abbass), mulher do devedor, uma palestina.
Gitai afirma que Free Zone foi motivado por sua curiosidade por esses ''bolsões de liberdade'', em que pessoas de diferentes países e culturas se encontram e realizam negócios.
- Achei fascinante observar como as pessoas em uma zona franca conseguem forjar uma ligação de amizade e de camaradagem quase natural simplesmente administrando seus negócios, e não como resultado de um movimento político - justificou o cineasta.
Filha de um israelense com uma americana nascida em Israel, Natalie Portman procurou por Gitai se oferecendo para o papel. A jovem atriz, que nasceu em Jerusalém, ficou famosa no mundo inteiro interpretando a princesa Padmé Amidala nos três recentes episódios de Guerra nas estrelas, a milionária saga intergaláctica de George Lucas.
- Natalie me mandou cartas e e-mails dizendo que estava interessada em descobrir mais sobre sua identidade israelita. Acho que ela sempre quis visitar a terra natal do pai, o país onde ela nasceu. Foi por isso que me procurou pedindo para participar deste projeto - contou Gitai, em Cannes.
No final das contas, Rebecca acabou incorporando traços do histórico de sua intérprete.
- Pensei a respeito, trocamos correspondência por alguns meses, nos encontramos, e então eu e o meu co-roteirista incluímos um pequeno fragmento da história da vida dela: assim como Natalie, Rebecca estudou hebreu e árabe - contou o diretor.
Reconhecida comediante em seu país, Hanna confere um sutil senso de humor à jornada um tanto dramática em direção a uma Zona Franca onde a coexistência entre culturas ainda é possível. Em Cannes, Hanna dedicou o prêmio à sua mãe, uma sobrevivente do Holocausto. A atriz também falou sobre a importância do humor em tempos tão obscuros:
- É interessante que um filme como Free Zone fale sobre aspectos políticos de nossos dias, assuntos que podem parecer uma coisa aborrecida, mas de maneira bem-humorada. Minha personagem consegue ver coisas engraçadas na vida e assim transformar nossa existência menos penosa.
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