Moradores de 'aldeia de espiões' de Gaza irão para Israel
JERUSALÉM (Reuters) - Israel pretende absorver a maioria dos moradores de uma aldeia da Faixa de Gaza considerada pelos palestinos um refúgio de espiões que ajudaram o Estado judeu durante quase quatro décadas de ocupação, disseram autoridades neste domingo.
Elas informaram que 200 moradores de Dahaniya, entre palestinos e árabes beduínos da península do Sinai, no Egito, irão se mudar em massa para Israel e receberão a mesma indenização estatal que os 8.500 colonos judeus retirados de Gaza neste mês.
"A maior parte dos que vão se mudar tem cidadania israelense, ou estão se naturalizando", disse à Reuters Shlomo Dror, do Ministério da Defesa de Israel. "Eles vão receber centenas de milhares de dólares por família em indenizações de mudança."
Dahaniya é um aglomerado de tendas com proteção do Exército de Israel e que serviu de abrigo para informantes palestinos que fugiram de ataques vingativos por terem ajudado os israelenses a capturar ou matar militantes em Gaza e na Cisjordânia.
Muitos dos beduínos da aldeia, que também foram recrutados em troca de dinheiro ou de favores administrativos, trabalharam para autoridades de ocupação israelense na península do Sinai antes da devolução para o Egito, sob um acordo de paz em 1979.
Autoridades israelenses, bem como os moradores da aldeia, insistem que os informantes deixaram a área há muito tempo e agora vivem em Israel. Mas os palestinos consideram os 300 residentes como espiões.
O prefeito de Dahaniya, Shtiwe Shtiwe Ermillat, confirmou que o acordo de mudança foi assinado com Israel. Os moradores não incluídos serão absorvidos pela Autoridade Palestina.
"Lutamos pela mudança em conjunto o máximo que pudemos", disse Ermillat por telefone. "Merecemos ser colocados em Israel depois de tudo o que passamos."
Uma fonte de segurança palestina disse que os moradores sem histórico de espionagem poderão continuar no território.
"Eles serão tratados como qualquer outro cidadão palestino porque sofreram com o domínio dos espiões em Dahaniya", disse a fonte.
Segundo Dror, três famílias palestinas poderão entrar em Israel, mesmo sem documentos do país, por serem "casos humanitários especiais".
"Essas famílias estão sob ameaça de represália, mesmo sem nunca terem trabalhado com nossas forças de segurança", disse Dror. "Infelizmente, o estigma de espião atinge a todos em Dahaniya."