O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim esteve em Israel de 28 a 31 de maio, acompanhado de uma comitiva de 13 empresários de diferentes segmentos nacionais. Esta foi a visita mais importante de uma autoridade brasileira a Israel em uma década, sendo que o último chanceler brasileiro que visitou o país foi Luiz Felipe Lampreia, em 1995. A visita foi um grande êxito. Os contatos mantidos com as mais altas autoridades israelenses indicaram o apreço pelo Brasil e o desejo recíproco de estreitar os laços que unem os dois povos. Ao chegar, ministro Amorim foi recepcionado pela embaixadora de Israel no Brasil Tzipora Rimon, que viajou especialmente para acompanhar esta missão.
A visita do ministro Celso Amorim ocorreu duas semanas após a Cúpula América do Sul-Países Árabes, realizada em Brasília. Esta visita reflete o reconhecimento por parte do Governo brasileiro do esforço que está sendo feito por israelenses e palestinos no sentido da promoção do diálogo político e da cooperação econômica. Como é de sua tradição, o Brasil sempre buscou contribuir para a paz na região e se orgulha da contribuição que grupos de imigrantes de descendência árabe e judaica deram à formação do povo brasileiro e ao desenvolvimento do País. Da mesma forma, é também motivo de orgulho nacional a coexistência harmônica e fraterna de todos os grupos étnicos e religiosos que fazem parte da nação brasileira. A presença na comitiva do rabino Henry Sobel traduz esse sentimento de concórdia e de harmonia que prevalece no Brasil, destacou o embaixador Moreira Lima.
O ministro brasileiro manteve importantes encontros com o presidente Moshe Katsav, o primeiro-ministro Ariel Sharon, o vice-primeiro-ministro Shimon Peres, o vice-primeiro-ministro e ministro da Indústria e Comércio Ehud Olmert, e com o seu homólogo, o vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores Silvan Shalom. Os chanceleres firmaram um Memorando de Consultas entre as duas Chancelarias, que prevê contatos periódicos em nível diplomático.
No contexto deste Memorando deverá ser elaborado um programa de trabalho pelos dois Governos para facilitar os contatos e o tratamento de questões políticas, econômicas e tecnológicas de interesse comum. Dentre os assuntos examinados, registre-se o interesse do Governo israelense em iniciar negociações com o Mercosul para um acordo de livre comércio, o que foi recebido de maneira favorável pelo lado brasileiro. Nos últimos dois anos, o crescimento do comércio bilateral e a intensificação das parcerias econômicas e tecnológicas abriram também novas perspectivas para o exame das relações entre os dois países, bem como das possibilidades de promover sua expansão, afirmou Moreira Lima.
O chanceler Amorim anunciou a participação do Brasil com um estande próprio na mostra Israel Gateway 2005, a realizar-se em conjunto com The Prime Minister Conference for Industry and Exports, em novembro de 2005. As partes brasileira e israelense manifestaram interesse em prosseguir na intensificação dos contatos de alto nível. O governo israelense reiterou convite ao presidente Luis Inácio Lula da Silva para visitar Israel em 2006.
A agenda incluiu ainda uma visita ao Museu Yad Vashem, em Jerusalém, no qual Celso Amorim prestou homenagem às vítimas do Holocausto.
O ministro das Relações Exteriores visitou também o Projeto Twinned Peace Soccer Schools, patrocinado pelo Centro Peres para a Paz, e que envolve a formação de times de futebol com a participação de crianças israelenses e palestinas e cujo propósito é a promoção da amizade e da solidariedade entre palestinos e israelenses. Amorim elogiou, também, a realização da mostra The Brazilian Naives and their Color Carnaval, em Tel Aviv, a maior exposição de pintura naif brasileira já realizada em Israel, com obras de oito dos maiores pintores nesse estilo e que ficará aberta até 26 de junho.
Rodada de Negócios
A visita ocorreu em um momento positivo para as relações econômicas entre os dois países. As exportações brasileiras para o mercado israelense duplicaram nos últimos dois anos, passando de US$ 109 milhões, em 2002, para US$ 213 milhões em 2004, tendência que se mantém com um crescimento de 10% no primeiro trimestre de 2005. Por sua vez, a corrente de comércio passou de US$ 444 milhões, em 2002, para US$ 715 milhões em 2004, ano em que o Brasil foi o segundo maior parceiro comercial de Israel nas Américas. Interessa a ambos os países elevar tal intercâmbio a um patamar compatível com a dimensão das duas economias.
Paralelamente à visita ministerial, realizou-se em Tel Aviv, no Hotel David Intercontinental, o Encontro Empresarial Brasil-Israel, que reuniu empresários dos dois países, representando setores com potencial de expansão. O encontro dá seqüência aos contatos promovidos entre os setores privados brasileiro e israelense pela delegação empresarial que veio ao Brasil em março de 2005, acompanhando o vice-primeiro-ministro e ministro da Indústria, Comércio e Trabalho de Israel, Ehud Olmert. Por sua vez, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Luis Fernando Furlan, deverá visitar Israel em julho de 2005.
A mesa foi composta pelo ministro Celso Amorim, pelos embaixadores Tzipora Rimon e Sérgio Eduardo Moreira Lima, pelos presidentes da Associação das Indústrias de Israel (Manufactures Association of Israel MAI), Shraga Brosh, e da Câmara Israel-Brasil de Comércio e Indústria, Tzvi Chazan, pelo presidente honorário da Câmara Israel-América Latina de Comércio e Indústria, Chaim Haron, e pelo presidente do rabinado da Congregação Israelita Paulista, rabino Henry I. Sobel.
Palestras e encontros agendados
Em seu discurso de abertura, o ministro Celso Amorim falou de maneira positiva sobre as possibilidades de uma maior aproximação comercial entre o Brasil e Israel em vários setores, destacando os segmentos de energia e alta tecnologia. Os participantes da Rodada de Negócios também tiveram a oportunidade de ouvir as seguintes palestras: "Israel, Economical Overview and the High-Tech Sector", proferida por Amiran Shore; "Investment in the Technology Polo of Brasilia, Advantages", por Antonio Rocha da Silva, da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra). O ex-ministro e membro da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Bovinas (Abiec) Marcus Vinicius Pratini de Moraes falou sobre o tema "Doing Business in the Actual Brazilian Economy"; Djalma Petit, do Programa Softex, sobre "Software Solutions and Services Provider Outlook"; e José Frederico Alvares, da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), abordou o tema Internacional business network para pequenas e médias empresas.
Durante o evento foi assinado um acordo de cooperação entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Associação das Indústrias de Israel. Pela Fiesp assinaram os diretores Carlos Antonio Cavalcanti e Fernando Graiber, e pela MAI, Shraga Brosh. A parte final foi dedicada a encontros agendados pela Abiec.
A Câmara Israel-Brasil de Indústria e Comércio, através de seu diretor Henrique Kuchnir, e a Embaixada de Israel, através do conselheiro Samuel H. Bueno dos Santos, trabalharam em parceria na organização da agenda e na coordenação da Rodada de Negócios, que teve início às 10h00 e encerrando às 17h30 no dia 29 de maio. Segundo o presidente da Câmara Israel-Brasil, Tzvi Chazan, os contatos estabelecidos e as perspectivas traçadas pelos participantes abrem novos rumos para o intercâmbio comercial, cultural e tecnológico entre Brasil e Israel. Nesta jornada, acredita Chazan, a entidade que preside, juntamente com a Câmara brasileira, sediada em São Paulo, desempenham um papel estratégico.
Em reunião realizada com o representante da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria Beno Suchodolski foram estabelecidas as bases para uma maior cooperação no setor de reforma agrária. Segundo Chazan, a experiência israelense de mais de 80 anos com os kibutzim e moshavim poderá ter impactos positivos no Brasil, guardadas as devidas diferenças. Nós nos comprometemos a enviar à Câmara de Comércio em São Paulo trabalhos e estudos realizados sobre este tema, analisando os erros e acertos neste segmento ao longo dos anos. Acreditamos que os êxitos alcançados poderão ser uma contribuição ao Brasil na questão da reforma agrária, ressaltou Chazan.
PARTICIPANTES
Delegação do Brasil
- Alexandre Lodygensky Junior, diretor da Comexport Cia. de Comércio Exterior
- Antônio Rocha da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (FIBRA) e sua esposa, Mônica Valéria Valadares Ferreira
- Ary Júnior, RC Cola Empresa de Refrigerantes
- Beno Suchodolski, diretor e coordenador da Diretoria Jurídica da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria de São Paulo
- Carlos Antônio Cavalcanti, diretor-titular-adjunto do Depto. das Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp
- Djalma Petit, coordenador Adjunto da Softex
- Fernando Greiber, diretor-financeiro e diretor-titular do Comitê da Ação Cultural da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
- José Frederico Álvares, coordenador da Unidade de Comércio Exterior da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
- Marcus Vinícius Pratini de Moraes, presidente do Conselho da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec)
- Rafael Eliasquevitch Mantovani, Bradesco Corporate e coordenador da Câmara Jovem da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria de São Paulo
- Rodrigo de Azeredo Santos, chefe da Divisão de Operações de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores do Brasil
Delegação de Israel
- Amnon Leibovitz, Associação das Industrias Eletrônicas de Israel
- Amos Rabin, Federação das Industrias dos Kibutzim
- André Celeste, Anar-Kesher Softwares Agrícolas
- Azriel Gandelman, Safety Net
- Brenda Zeitlin, Targetech Innovation- Incubadoras Tecnológicas
- David Ezra, Neto Me Trading Food
- Dov Avital Movimento dos Kibbutzim - Divisão Econômica
- Dror Rejwan, Roni Rejwan (1986) Ltda Alimentícia
- Eli Chenchinski, Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil
- Gady Maayan, Lamed Investiment & Trade Company Ltd.
- Gal Kabacov, Ness Telecom
- Gil Goldstein, Papagaio Import
- Haim Aron, Câmara de Comércio e Indústria Israel-América Latina
- Haim Saban, Projetos Agrícolas Internacionais
- Henrique Kuchnir, Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil
- Moshe Taragano, Cancun
- Moshe Zimrat, Zimrat Systems - Software
- Nissim Greisas, Quicare Instrumental Médico
- Noam Assael, Energia Solar
- Pablo Salischiker, Chervis Import/ Export - Cervejas
- Peer Slovin, Spetrotec Equipamentos Eletrônicos de Segurança
- Roberto Weiss, Varicon Software
- Roni Orpaz, Ezface Software Cosmetics
- Roni Rejwan, Roni Rejwan (1986) Ltda Alimentícia
- Ruth Gal, Ezface Software Cosmetics
- Sam Katz, Shamir Optics Lentes Ópticas
- Shaul Sotnick, Mifal Hapais Loteria Nacional de Israel
- Shoshi Cohen, AAI Ltd. Software Cooperação
- Túlio Epel, Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil
- Tzvi Chazan, Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil
- Yair Dori, Câmara de Comércio e Indústria Israel-América Latina
- Yehuda Raizes, Isrex Projetos Agrícolas
- Yossi Yakar, Ness Telecom
Pontos principais do Memorando de Entendimento
assinado entre a Fiesp (Brasil) e a MAI (Israel)
em 30 de maio de 2005 em Tel Aviv, Israel
Segundo os termos do acordo, as duas entidades comprometem-se a:
- Manter um diálogo contínuo para explorar temas pertinentes ao relacionamento bilateral e contribuir para o aumento do comércio, dos investimentos e do desenvolvimento tecnológico;
- Estabelecer um canal permanente de comunicação entre as entidades visando a discussão e as ações que facilitem o comércio e a redução de barreiras técnicas e de medidas sanitárias e fito-sanitárias;
- Estimular a realização de missões comerciais e dar o suporte necessário para a elaboração de programas e agendas de negócios às delegações visitantes;
- Estimular o intercâmbio de know-how e informações, quando adequado, para a organização de exposições e feiras comerciais;
- Aperfeiçoar o intercâmbio de informações no campo de Pesquisa & Desenvolvimento e aprofundar as possibilidades de cooperação tecnológica entre os dois países;
- Cooperar na programação de educação e treinamento de recursos humanos quando tais programas sejam do interesse de todos os envolvidos;
- Buscar posições comuns quando houver interesses mútuos e defendê-las junto aos respectivos governos;
- Outros temas poderão ser agregados a este Memorando desde que de comum acordo.
O documento foi assinado por Fernando Greiber, diretor financeiro da Fiesp; e Shraga Brosh, presidente da MAI.
Agradecemos à Embaixada do Brasil em Israel e à Câmara Israel-Brasil pela colaboração.