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Os judeus de Cancun

 

Por Howard Hian

Ao participar da conferência anual de 2008 da Associação Norte-Americana de Jornalistas, conheci o Diretor de Relações Públicas de Cancún, Emilio Reyner. Quase imediatamente, meu radar judaico começou a vibrar. Percebi que Reyner não é um sobrenome latino típico. Ele sorriu e respondeu que sua família era originária da Hungria. Perguntei retoricamente:

"Então, você é judeu?". Ele olhou para mim e disse, com o semblante sério: "Não, mas minha tia em Nova York é". Eu ri e disse a ele: "Emilio, você é judeu", e foi assim que esta narrativa começou. Eu estava prestes a ter um vislumbre da vida judaica em Cancún.

Em poucos meses, uma viagem foi organizada e tive a oportunidade de conhecer e conversar com Ari Rajsbaum, o presidente voluntário da Comunidade Judaica em Cancún. Ari afirmou que a história dos judeus de Cancún começou quando os primeiros comerciantes e empreendedores chegaram logo após o início do desenvolvimento da área em 1974.

No entanto, a vida judaica organizada se consolidou em 1985, quando um pequeno grupo de "colonos" se reuniu em uma casa particular para celebrar o Shabat. A vida evoluiu lentamente daquele pequeno grupo dedicado à sua forma atual. Em 1998, uma Associação Civil foi fundada e doações foram obtidas para a aquisição de um pequeno centro comunitário, que incluía espaço para uma sinagoga e salas para fins educacionais. Embora não houvesse um rabino oficial, existe uma relação amigável e estreita com o Chabad de Cancún e seu rabino, Mendel Druk.

Embora os membros abranjam um amplo espectro religioso, os serviços são tradicionais, incluindo mechitsá. As atividades na sinagoga, Neve Shalom, incluem aulas de hebraico, música, grupos de estudo, eventos culturais, casamentos, bar/bat mitsvá, rezas semanais e celebração de todas as festas judaicas.

Ao entrevistar o entusiasmado e engajado Rabino Druk, descobri que o relacionamento de meio período do Chabad com a comunidade judaica de Cancún começou há aproximadamente 13 anos. Naquela época, estudantes rabínicos eram enviados dos Estados Unidos para oficiar serviços religiosos em feriados importantes. A pedido de emigrantes americanos e canadenses que desejavam uma educação judaica mais formal para seus filhos, o Chabad iniciou um relacionamento permanente em 2007, quando o Rabino Druk e sua família chegaram. Enquanto ele se dedica a seus deveres rabínicos, sua esposa, Rachel, ensina, coordena o Mikve e lida com os desafios da cashrut; um desafio bastante significativo, dada a limitada disponibilidade local de alimentos casher.

Quando perguntado sobre como era ser judeu em um país católico, a resposta do Rabino Druk foi muito interessante. Ele afirmou que era muito difícil encontrar qualquer antissemitismo. No entanto, os estereótipos relacionados a judeus e riqueza perduram. A incongruência é que tanto ele quanto Ari mencionaram que uma porcentagem significativa de judeus em Cancún enfrenta dificuldades econômicas. Quando questionado sobre sua congregação, o rabino respondeu que "Todo judeu que entra em Cancún pertence à nossa comunidade."

Recentemente, na sexta-feira à noite, havia 270 pessoas presentes no Cabalat Shabat. Cerca de 60 eram locais e o restante eram visitantes de fora do México, incluindo turistas, proprietários de timeshare e alguns mochileiros israelenses. O Rabino Druk estima que 60 a 70% tinham "conexão judaica", mas não necessariamente religiosa; eles só queriam vivenciar e celebrar o Shabat no México.

Rabbi Druk ajuda um turista a colocar tefilin
Rabbi Druk ajuda um turista a colocar tefilin

A população total de Cancún é de aproximadamente 450 mil habitantes. Estima-se que 500 judeus, representando 150 famílias, vivam lá, e eles constituem um grupo diverso. A demografia é fortemente distorcida em relação aos moradores que migraram da Cidade do México. A etnia é 40% asquenazi, 40% halabi e shami (sírios e libaneses) e 20% sefarditas da Turquia e dos Bálcãs.

Há moradores em tempo parcial e integral de outras cidades mexicanas, bem como da América do Sul, Israel, Canadá, Europa e Estados Unidos. Apenas cerca de um terço está ativamente envolvido na vida da sinagoga (parece familiar?). É uma história fascinante e evolutiva da diáspora com um toque mexicano.

Alguns dias antes de partirmos, Emilio se juntou a mim para um passeio pela cidade. Em dado momento, ele parou para atender uma ligação. Depois de desligar, Emilio olhou para mim e abriu um largo sorriso. Ele havia conversado com a filha, que lhe disse estar animada por ser convidada da família do namorado para o jantar de Shabat. Emilio ficou visivelmente satisfeito.

Refletindo sobre o comentário de Emilio sobre sua tia judia em Nova York, pensei que talvez suas raízes familiares tivessem se consolidado em uma nova geração, estendendo-se da Hungria ao México e à comunidade judaica de Cancún.

Nota de Viagem:
Quando necessário, tanto o Chabad quanto o Neve Shalom prestam assistência à Embaixada de Israel e aos turistas judeus. O Chabad de Cancun fica em frente ao Hotel Le Meridien, na região hoteleira, e oferece desconto para quem mencionar Chabad.

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