Reportagem de TV diz que o chefe do Hamas cometeu o erro de se reunir com os principais comandantes sem seu habitual 'cinto de reféns' de proteção; quando Israel teve certeza de que não havia prisioneiros presentes, bombardeou
O ataque que teve como alvo e possivelmente eliminou o líder do Hamas, Muhammad Sinwar, em Gaza, no início deste mês, foi possível quando o chefe terrorista cometeu o raro erro de se mover sem um "cinto de reféns" defensivo protegendo-o, de acordo com uma reportagem de sexta-feira.
O Canal 12 exibiu novos detalhes sobre o ataque massivo contra Sinwar e outros altos funcionários do Hamas em um túnel de Khan Younis em 13 de maio, que atualmente acredita-se que tenha matado Sinwar, o comandante de fato do Hamas em Gaza, após Israel matar seu irmão Yahya em outubro passado.
A emissora afirmou que Muhammad Sinwar esteve quase sempre cercado por reféns durante a guerra, pois os líderes do Hamas perceberam que isso era um forte impedimento contra tentativas de assassinato israelenses. E, de fato, o Canal 12 afirmou que a inteligência israelense monitorava Sinwar há muito tempo, mas repetidamente descartou possíveis ataques contra ele quando surgiu a oportunidade, devido ao receio de que houvesse reféns nas proximidades.
“Não há riscos se houver sequer um por cento de chance de haver reféns na área”, disse uma fonte de segurança à rede.
O relatório disse que Sinwar ficou ainda mais cauteloso após a morte de seu irmão em um tiroteio com forças israelenses, e que apenas um número muito pequeno de pessoas sabia sua localização em qualquer momento, ecoando uma reportagem de quinta-feira no The Wall Street Journal.
Entretanto, por razões desconhecidas, Sinwar decidiu, em 13 de maio, se reunir com o comandante da Brigada Rafah, na ala militar do Hamas, Mohammad Shabana, bem como outros comandantes seniores, sem sua escolta habitual de reféns.
O Wall Street Journal citou autoridades do Hamas e árabes que disseram que a reunião de figuras importantes do Hamas foi convocada para discutir sua abordagem às negociações sobre um cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns, entre outros assuntos.
Diante dessa oportunidade, a Força Aérea Israelense imediatamente começou a se preparar para um ataque, segundo o relatório, embora os principais oficiais esperassem que o ataque provavelmente seria cancelado devido ao medo de ferir reféns.
Quando informações precisas de inteligência indicaram que não havia reféns presentes, a IAF recebeu sinal verde, os jatos foram acionados e o bombardeio prosseguiu.
Os ataques tiveram como alvo um complexo de comando subterrâneo abaixo do Hospital Europeu. O Ministério da Saúde, administrado pelo Hamas, relatou 16 mortos e mais de 70 feridos no ataque, embora não tenha havido informações imediatas sobre se Sinwar estava entre as vítimas.
Mais tarde, as IDF bombardearam a área diversas vezes, numa aparente tentativa de impedir que alguém se aproximasse do túnel e ajudasse os terroristas.
De acordo com autoridades citadas pelo The Wall Street Journal, o Hamas recuperou o corpo de Sinwar um dia após o ataque e o enterrou temporariamente em outro túnel, com a intenção de mover seus restos mortais para uma cova mais adequada quando os combates cessarem.
O canal saudita Al-Hadath informou que o corpo de Sinwar foi recuperado junto com os restos mortais de 10 de seus assessores. O Hamas não confirmou isso.
Israel também não confirmou que Sinwar foi morto, mas o Ministro da Defesa Israel Katz disse que “de acordo com todas as indicações, Muhammad Sinwar foi eliminado”.
Após o assassinato do principal comandante militar do Hamas, Muhammad Deif, em julho passado, Muhammad Sinwar assumiu o comando da ala militar do grupo terrorista. Mais tarde, após o irmão mais velho de Sinwar, Yahya, ser morto por tropas das Forças de Defesa de Israel (IDF), ele se tornou o líder de fato do grupo terrorista na Faixa de Gaza.
Autoridades israelenses descreveram Muhammad Sinwar como obstinado em relação às negociações para a libertação de reféns e como um obstáculo para chegar a um acordo de cessar-fogo.
O jovem Sinwar também era procurado por ações terroristas contra Israel e atuava no Hamas há décadas.
Ele foi preso por Israel na década de 1990 por nove meses e passou mais três anos em uma prisão da Autoridade Palestina em Ramallah, de onde escapou em 2000. Em 2006, Sinwar fez parte da célula do Hamas que sequestrou o soldado das Forças de Defesa de Israel (IDF) Gilad Shalit. Anteriormente, ele também comandou a Brigada Khan Younis do Hamas.
A maior parte da liderança do Hamas foi eliminada por Israel durante a guerra em andamento, que começou quando o grupo terrorista invadiu o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns.
Na quinta-feira, a mídia palestina informou que Zakaria Sinwar, irmão de Yahya e Muhammad Sinwar, não resistiu aos ferimentos sofridos em um ataque aéreo israelense na noite de sábado.
Inicialmente, foi dito que Zakaria, um professor da Universidade Islâmica de Gaza, havia sido morto no ataque, mas relatos da mídia posteriormente informaram que ele havia ficado gravemente ferido.
