Espiãs búlgaras pró-Rússia que viveram triângulo amoroso com parceiro de operações são condenadas no Reino Unido
Grupo conhecido como 'Minions' operava em vários países da Europa e passava informações para o governo de Putin; dois integrantes foram detidos nus em cama de casa em Londres
Katrin Ivanova (à direita) e Vanya Gaberova: espiãs a serviço de Moscou — Foto: Reprodução
Uma rede de espionagem búlgara que operava para a Rússia em vários países da Europa foi desmantelada no Reino Unido após integrantes viverem um triângulo amoroso, o que poderia ter enfraquecido o aparato de segurança.
Duas mulheres, conhecidas como as "morenas sexy assassinas", estavam em um triângulo amoroso com um membro importante da célula de seis espiões búlgaros que viviam e trabalhavam no Reino Unido. A assistente de laboratório Katrin Ivanova, de 33 anos, e a esteticista Vanya Gaberova, de 30, foram condenadas nesta sexta-feira (7/3) por crimes de espionagem sob a Lei de Segredos Oficiais britânica.
O grupo planejou golpes com criptomoeda e conduziu missões de espionagem em nome da Rússia pela Europa a partir da Grã-Bretanha por somas generosas de dinheiro. O grupo se envolveu em uma série de operações de vigilância e inteligência ao longo de três anos, nas quais foram chamados de Minions, os companheiros amarelos de Gru na série de desneho animados "Meu Malvado Favorito".
A rede de espionagem era comandada por Orlin Roussev, de 46 anos, e tinha como alvo oponentes de Putin, além de auxiliar o esforço de guerra russo contra a Ucrânia. Um tesouro de spyware foi descoberto numa batida policial no centro de operações localizado numa antiga casa de hóspedes em Great Yarmouth (condado de Norflok, Inglaterra).
Bizer Dzhambazov, de 43 anos, que comandava as operações terrestres da rede de espionagem, tinha um relacionamento com Katrin, com quem morava numa casa em Harrow, no noroeste de Londres, mas começou a viver um caso com Vanya.
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Secretamente, Dzhambazov mudou Vanya para um apartamento perto do seu trabalho de fachada como entregador de um laboratório de exames de sangue. Ele chegou a fingir para Katrin que tinha um tumor cerebral para explicar suas ausências enquanto estava com a amante. Ele até apareceu em uma videochamada com a namroada usando um curativo alegando que tinha acabado de fazer uma operação.
Quando agentes prenderam Dzhambazov, ele e Vanya estavam nus numa cama em casa em Euston, em Londres.
Dzhambazov se declarou culpado de espionagem antes do início do julgamento, junto com Roussev, que comandava a rede de espionagem. Um sexto membro da rede de espionagem, o lutador de artes marciais mistas Ivan "The Rock" Stoyanov, 33, de Greenford, oeste de Londres, também admitiu ter participado de operações secretas. Todos os espiões búlgaros tinham status de residentes na UE, o que lhes permitia viajar livremente pela Europa a partir do Reino Unido.
Na sede da rede clandestina, policiais encontraram um "tesouro" de equipamentos de espionagem.
As investigações apontam que a rede de espionagem era controlada de Moscou por um empresário austríaco fugitivo, Jan Marsalek, em nome da inteligência militar russa GRU e do serviço de segurança estatal FSB.
Marsalek, de 43 anos, foi o ex-diretor de operações de uma empresa de finanças e tecnologia chamada Wirecard, que faliu em 2020 em meio a alegações de uma fraude de R$ 12 bilhões. Ele morava em uma mansão em Munique (Alemanha), mas fugiu para Moscou depois que as autoridades alemãs emitiram um mandado de prisão.
Os espiões foram recrutados por Roussev e bem pagos por seu trabalho clandestino para a Rússia, que os jurados ouviram ter colocado "muitas vidas em risco".
A rede operou entre agosto de 2020 e fevereiro de 2023 em locais como Londres, Valência, Viena, Montenegro e Stuttgart.
Eles também realizaram vigilância em uma base dos EUA na Alemanha, onde acreditavam que soldados ucranianos estavam sendo treinados para operar defesas aéreas de mísseis Patriot.