O sírio lidera seus combatentes em uma longa ofensiva contra o governo de Bashar al-Assad, reacendendo a longa guerra civil do país.
Foto sem data divulgada por um grupo militante em 2016 mostra Abu Mohammed al-Golani — Foto: Militant UGC via
Foto sem data divulgada por um grupo militante em 2016 mostra Abu Mohammed al-Golani — Foto: Militant UGC
Ao longo do caminho, ele se distanciou da al-Qaeda, aprimorando sua imagem e a do grupo extremista que lidera, o "governo de salvação", em uma tentativa de conquistar governos internacionais e as minorias religiosas e étnicas do país.
Apresentando-se como um defensor do pluralismo e da tolerância, os esforços de reformulação da marca de al-Golani buscaram ampliar o apoio público e a legitimidade de seu grupo.
Ainda assim, fazia anos que as forças da oposição da Síria, baseadas no noroeste do país, não faziam progressos militares substanciais contra Assad. O governo do presidente sírio, com apoio do Irã e da Rússia, manteve o controle de cerca de 70% do país, em um impasse que deixou al-Golani e seu grupo jihadista Organização para a Libertação do Levante (HTS, na sigla local) fora dos holofotes.
Mas a investida dos rebeldes em Aleppo e cidades próximas, ao lado de uma coalizão de grupos armados apoiados pela Turquia, chamada de Exército Nacional Sírio, abalou a tensa trégua na Síria e deixou os vizinhos do país, como Jordânia, Iraque e Líbano, preocupados com o risco do conflito se espalhar.
Rebeldes sírios indo em direção de Damasco para derrubar Assad em 7 de dezembro de 2024 — Foto: Aref Tammawi/AFP
Os primórdios de al-Golani no Iraque
Os laços de al-Golani com a al-Qaeda remontam a 2003, quando ele se juntou a extremistas que combatiam tropas americanas no Iraque. Natural da Síria, ele foi detido várias vezes pelo exército dos EUA, mas permaneceu no Iraque. Durante esse período, a al-Qaeda assumiu grupos de pensamento semelhante e formou o Estado Islâmico do Iraque, liderado por Abu Bakr al-Baghdadi.
Em 2011, uma revolta popular contra Assad da Síria desencadeou uma repressão brutal do governo, levando a uma guerra total. A proeminência de al-Golani cresceu quando al-Baghdadi o enviou à Síria para estabelecer um braço da al-Qaeda chamado Frente Nusra. Os Estados Unidos classificaram o novo grupo como organização terrorista, designação que permanece até hoje, oferecendo uma recompensa de US$ 10 milhões por informações sobre ele.