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A Reencarnação (Gilgul Neshamot) no Judaísmo

 A Reencarnação (Gilgul Neshamot) no Judaísmo -   Jayme Fucs Bar
Muitas pessoas me perguntam se o Judaísmo acredita em reencarnação. Uma coisa é certa, sendo o Judaísmo uma civilização muito antiga, de 3500 anos, se você procurar qualquer tema, vai achar no Judaísmo. Inclusive sobre reencarnação . 
A Reencarnação (Gilgul Neshamot) no Judaísmo


Nos escritos do místico cabalista Isaac Luria, no século XVI, aparece uma explicação detalhada do papel da reencarnação e dos detalhes das almas reencarnadas. De acordo seus estudos, a maioria das pessoas nascidas no mundo são reencarnações de almas “velhas” e uma minoria são almas “novas”. Luria acreditava na transmigração das almas, que ele chamava de Gilgul Neshamot. No seu pensamento, ao morrer, a alma da pessoa poderia ter continuidade para se redimir e se auto aperfeiçoar.

O místico cabalista Yosef Karo, no século XVI em Safed, relatou que não foi ele que escreveu o Livro "Maguid" e sim a alma de uma mulher que entrou em seu corpo e falou através de sua boca. 

Histórias sobre reencarnação também aparecem na literatura hassídica. Por exemplo, nos louvores de Baal Shem Tov aos discípulos, ao falar sobre um grande erudito que foi morto pelos gentios e que sua alma voltaria para dar continuidade ao seu trabalho. 

O folclorista judeu S. Ansky, por volta de 1916, despertou bastante interesse no mundo ao falar sobre a transmigração das almas. Ao apresentar o seu drama ídiche Der Dybbuk, o sucesso foi tão grande que rapidamente foi traduzido para vários outros idiomas. 

Sua peça teatral o Dibbuk relata o amor proibido de dois jovens judeus apaixonados: Hanan e Leah. Hanan era um pobre judeu que estudava na Yeshivá e descobriu que o amor de sua vida, Leah, filha de um grande rabino, estava prestes a se casar com outra pessoa. Sua dor era tão grande, que ele morreu de desgosto e tristeza. Sua alma, ao invés de passar para o outro mundo, continuou entre os dois mundos até o dia do casamento, quando a alma de Hanan se apossou do corpo de Leah e sua amada o recebeu dentro dela de braços abertos. Uma história onde o amor transcendeu a vida e rompeu as fronteias do que definimos como realidade.

Existe uma outra manifestação de reencarnação no Judaísmo, que é pouco conhecida. São os espíritos chamados Ibor, que em hebraico quer dizer incubação. Nesse caso o Ibor aparece como uma influência externa, que atua sobre a alma humana somente em uma pessoa que tenha um nível de espiritualidade alta como um Magid (mago) ou um Tzadik (pessoa justa). 

O  espírito do Ibor fortalece os Magidim e Tzadikim para obter  ainda mais luz na sua espiritualidade, lhes dando um poder sobrenatural para ajudar as pessoas, além de fazer o bem, curar doenças graves, dar bons conselhos e também ajudar alguém a se redimir e tomar um rumo melhor em sua vida. 

Os espíritos do Ibor muitas vezes  simbolizam as virtudes dos profetas ou dos patriacas.   De Abraão simboliza a bondade no mundo, de Isaque a bravura, de Moisés a sabedoria da Torá. Na crença do Judaísmo místico existe sempre um  Ibor ao lado de um verdadeiro Magid ou Tzadik, ele os acompanha e os orienta. 

Existe um conto judaico que relata  um encontro entre um Tzadik e o Dibbuk. Essa história se passou numa aldeia judaica, onde um rapaz  foi possuído pelo espírito do Dibbuk. Ele andava pelas ruas pedindo às  pessoas  que contassem os seus pecados. 
Todos fugiam dele, pois achavam que ele estava louco por se comportar de uma forma muito estranha, além de falar com uma outra voz. 

O Tzadik  foi chamado para ver o caso e logo entendeu que o rapaz estava possuido pelo Dibbuk. Então disse: "Saiba que eu gosto de você. Estou reconhecendo sua voz. Você morreu não faz muito tempo e eu sei até o seu nome. Você foi o Menachen Haktzvav (o açogueiro), que fez muitas coisas ruins para as pessoas da nossa aldeia e nunca se arrependeu de seus erros".

O Dibbuk se espantou com as palavras do Tzadik que, já incorporado com as forças do espírito do Ibor, abraçou muito bem forte o rapaz possuído pelo Dibbuk. De repente, ainda nos braços do Tzadik, o rapaz caiu em prantos num choro forte e verdadeiro e soltou um grito do Dibbuk: “Pelo amor de Deus, me perdoem por todo mal que fiz na minha vida. Peço o seu perdão. Eu me arrependo!"

O Tzadik abençoou o Dibbuk e disse: "Vai com Deus, você finalmente poderá descansar  sua alma. E assim o Dibbuk  desapareceu do corpo do rapaz.   

Muitos não sabem, mas a palavra mágica vem do hebraico. Magid é um Mago, uma pessoa que atinge um nível espiritual tão alto que, com ajuda dos espíritos de Abor, tem o poder de criar e de transformar a realidade. Esse era também o título que receberam Issac Luria, Yosef Karo e Jacob Kranz, o famoso Maguid de Dubnov.

Outra curiosidade: a palavra Abracadabra vem do aramaico "Abra Cidabra", que o seu significado seria “À Medida que falo, criarei uma outra realidade".


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