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A disputa em torno da 'Zona C' da Cisjordânia


A área C, na qual Israel manteve o controle civil e de segurança completo, é responsável por mais de 60% do território da Cisjordânia. A Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, tem uma área de terra de 5 640 km² mais uma área de água de 220 km², consistindo na parte noroeste do Mar Morto.
A  disputa  em torno da 'Zona C' da Cisjordânia


Para as Nações Unidas, a Cisjordânia é um território palestino ocupado. Israel não pensa do mesmo jeito e está travando uma guerra semântica sobre o status da chamada "Zona C", que cobre uma grande parte da Cisjordânia e concentra as terras que pretende anexar.

ONGs pró-Israel e, mais recentemente, a seção do governo encarregada de conceder credenciamentos à imprensa estrangeira, escrevem e-mails, ou reclamam, no Twitter, com a imprensa e com os correspondentes estrangeiros sobre o léxico - segundo eles "enviesado" - usado para se referirem ao conflito israelense-palestino.

Israel continua a usar o nome bíblico "Judeia e Samaria" para se referir à Cisjordânia e lamenta que a imprensa internacional não a use.

Agora, no entanto, a censura é muito mais sutil e remonta não tanto aos distantes reinos, mas aos acordos de Oslo, dos anos 1990, que separam a Cisjordânia em três grandes áreas denominadas A, B e C.

- Oferta 'muito generosa' -

As duas primeiras zonas representam 40% do território e estão, em sua maioria, sob controle palestino. A zona C (60%) está sob controle militar e administrativo de Israel. Conforme os acordos de Oslo, a ideia é que esse poder seja transferido para os palestinos com a assinatura de um acordo de paz definitivo.

Esta questão sobre a divisão voltou à ordem do dia com o anúncio, em janeiro passado, do plano dos Estados Unidos para o Oriente Médio. O texto prevê a anexação, por parte de Israel, do Vale do Jordão e das centenas de colônias israelenses na Cisjordânia, bem como a criação de um Estado palestino em um território reduzido.

A partir de 1º de julho, o governo israelense deve apresentar sua estratégia para tirar o plano de Donald Trump do papel, considerando que esses cobiçados territórios - o Vale do Jordão e as colônias, ou assentamentos - são precisamente na "zona C".

O plano dos EUA prevê uma partição meio a meio desta zona C, onde hoje vivem cerca de 450.000 colonos israelenses - três vezes mais do que no momento da assinatura dos Acordos de Oslo - e cerca de 300.000 palestinos.

"Inicialmente, a ideia era que a Zona C se tornasse gradualmente parte da Autoridade Palestina e, eventualmente, parte do Estado da Palestina, quando houvesse um acordo permanente", explicou à AFP Yossi Beilin, negociador de Israel para os Acordos de Oslo.

Mas a direita considera a "Zona C como sendo israelense" e "abusa de Oslo", tentando manter "para sempre" essa interinidade, diz o trabalhista Beilin, que foi ministro da Justiça.

"Para a direita, a oferta (50/50) é muito generosa (para os palestinos), e não entende por que o mundo se opõe", completou.

- Território 'sob disputa' -

Para Israel, a "Zona C" não pode ser considerada um território "palestino". A alegação é que se trata de um território "sob disputa", já que, depois de Oslo, não houve um acordo para selar a paz definitiva entre palestinos e israelenses.

Portanto, se a Zona C está em "disputa", a imprensa internacional não pode dizer que o conjunto da Cisjordânia ocupada é um "território palestino", escreveu um funcionário do governo a um correspondente de uma mídia europeia, pedindo que ele parasse de usar a expressão "territórios palestinos ocupados".

Glenys Sugarman, ex-diretora-executiva da Associação de Imprensa Estrangeira de Jerusalém (FPA, na sigla em inglês), está acostumada com as autoridades israelenses que criticam o vocabulário da imprensa sobre o conflito. Recentemente, porém, ela diz ver uma nova tendência.

 "Essa atitude meticulosa no Twitter me parece um fenômeno novo. Deixei a FPA no final do ano passado e nunca tinha visto nada parecido" por parte do Gabinete de Imprensa do Governo (GPO, na sigla em inglês), vinculado ao Gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu", comentou Glenys.

Em resposta a uma pergunta da AFP, o GPO reconhece que "intervém ocasionalmente em informações incorretas, imprecisas, ou falsas, na imprensa", embora garanta que "não é seu trabalho" esclarecer a denominação de "Zona C", diante de uma possível anexação deste território.

Muitos veículos de comunicação estrangeiros, incluindo a AFP, denominam essas três áreas como "Territórios Palestinos", ou "Cisjordânia Ocupada" e, às vezes, "Territórios Palestinos Ocupados".

Para o coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, a zona C também é "considerada um território palestino ocupado".

Em caso de anexação, contudo, o debate continuará, pois, de acordo com o governo, as áreas anexadas deixariam, em tese, de ser território "sob disputa" e já estariam em Israel.

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