O Hezbollah disparou centenas de foguetes contra o norte de Israel, nesta quarta-feira (12), e prometeu intensificar seus ataques, em retaliação a uma operação israelense que matou um comandante do movimento xiita libanês. Israel e o Hezbollah têm trocado hostilidades desde o início da guerra em Gaza, em outubro, contra o Hamas, aumentando o receio de um conflito generalizado na região.
Sirenes de alerta soaram no norte de Israel perto da fronteira com o Líbano, quando os projéteis foram vistos vindo do país vizinho. Alguns foram interceptados, enquanto outros caíram em vários locais do norte do país, provocando incêndios.
Em resposta, o Hezbollah lançou uma bateria de foguetes contra o norte de Israel para vingar a morte de Taleb Sami Abdallah, “o mais importante comandante do Hezbollah morto desde o início da guerra” entre Israel e o Hamas palestino em Gaza, há oito meses, segundo uma fonte militar libanesa.
O exército israelense indicou que cerca de 160 projéteis foram disparados do Líbano para Israel na manhã desta quarta-feira, em ataques sucessivos, sem causar vítimas, segundo as primeiras informações das autoridades.
O Hezbollah anunciou ter disparado “dezenas de foguetes Katyusha” contra posições militares israelenses e afirmou ter atingido “uma fábrica militar” utilizando mísseis guiados “em resposta ao assassinato” do militar.
Taleb Sami Abdallah foi morto junto com outros três combatentes do Hezbollah em um ataque contra uma casa na vila de Jouaiyya, no sul do Líbano, de acordo com uma fonte próxima ao Hezbollah.
O exército israelense confirmou ter realizado “um ataque aéreo” para eliminar Abdallah e três outros combatentes do Hezbollah, uma formação libanesa armada e financiada pelo Irã, inimigo de Israel. De acordo com as autoridades israelenses, Abdullah era "um dos comandantes mais importantes do Hezbollah no sul do Líbano" e que havia "planejado e executado ataques" contra Israel durante anos.
Reposta dura do lado libanês
Hachem Safieddine, chefe do comitê executivo do Hezbollah, falou no funeral de Abdallah, nos subúrbios ao sul de Beirute, reduto do grupo xiita.
“Se a mensagem do inimigo (...) é levar-nos a recuar (...), deixe-o saber que aumentaremos as nossas operações em intensidade, poder, número e qualidade”, alertou um alto funcionário do Hezbollah.
Combatentes uniformizados e boinas pretas carregaram o caixão, coberto com a bandeira do Hezbollah, ao som de uma fanfarra militar.
A morte de Abdallah é o golpe mais duro para o grupo islâmico desde outubro, quando o Hezbollah abriu a frente do sul do Líbano contra Israel para apoiar o seu aliado palestino, o Hamas, na sua guerra em Gaza.
Esta escalada surge depois de o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ter dito, em 5 de junho, que Israel estava “pronto para uma operação muito intensa no Norte”.
Estes comentários suscitaram preocupação nos Estados Unidos, com Washington alertando o seu aliado de que uma “escalada” no Líbano colocaria em perigo a segurança de Israel.
O Hezbollah repete que irá parar os combates quando for declarado um cessar-fogo em Gaza entre Israel e o Hamas.
Mais de oito meses de enfrentamentos quase diários já deixaram 468 mortos no Líbano, segundo uma contagem da AFP baseada em dados do movimento xiita e de fontes oficiais libanesas. Entre as vítimas estão cerca de 90 civis e quase 307 combatentes do Hezbollah, mais do que o movimento libanês perdeu durante a sua última guerra contra Israel, em 2006.
Do lado israelense, pelo menos 15 soldados e 11 civis foram mortos, segundo as autoridades. Em ambos os lados da fronteira, dezenas de milhares de moradores foram deslocados pelos combates.
