ktar TB2: o drone turco que está destruindo tanques do Exército Russo...

Seu primeiro voo ocorreu em 2014 e seu desenvolvimento pela fabricante Baykar Technology foi a pedido do Exército Turco, após a experiência positiva com o demonstrador Bayraktar TB1.
O nome Bayraktar na verdade se refere não a uma aeronave, mas sim uma família inteira de drones de vários tipos. Porém, dentre todos os membros – Bayraktar Mini UAV, VTOL UAV, AKINCI e outros ainda em desenvolvimento – o TB2 é o que mais se destaca, de longe, especialmente pelo seu desempenho em combate.
O que é o drone TB2
O TB2 é uma aeronave não-tripulada de combate (UCAV) de média altitude e longa autonomia (MALE). Ele é controlado remotamente por três militares a partir de uma estação de controle em solo (GCS, também chamada de shelter), que possui as mesmas dimensões de cum contêiner de carga. A GCS também foi desenvolvida pela Baykar seguindo o mesmo padrão da OTAN.

O drone é feito a partir de materiais compósitos, com uso de ligas de alumínio nas partes mais críticas. Isso reduz não só o peso do avião, mas também sua assinatura radar. Dessa forma, o TB2 também é mais difícil de ser detectado pelos radares de baterias de mísseis antiaéreos (SAM), um alvo prioritário durante o combate.
Em termos de dimensões e performance, o Bayraktar TB2 apresenta as seguintes características:
- 6.5 metros de comprimento
- 2.2 metros de altura
- 12 metros de envergadura
- 27 horas de autonomia
- Velocidade máxima de 222 Km/h
- Altitude máxima de 25 mil pés
- 150 kg de carga útil
- Peso máximo de decolagem de 700 kg
O custo de aquisição de um TB2 gira em torno de US$ 4 a 5 milhões. Contudo, o drone já destruiu equipamentos muito mais caros que ele próprio, como sistema de defesa antiaérea Pantsir S1 russo. O modelo foi alvo do TB2 em conflitos na Síria, Líbia, Ucrânia, Armênia e Emirados Árabes Unidos.
O TB2 possui quatro pontos duros (dois em cada asa) para carregar diversas armas de precisão, como o míssil antitanque UMTAS/L-UMTAS, foguetes guiados Bozok e as granadas de 81mm Togan.
Apesar da variedade de armamentos, o mais usado pelo TB2 são as bombas de precisão MAM (Smart Micro Munition). Desenvolvida pela Roketsan, a bomba possui três variantes: MAM-C, L e T, guiadas por laser e/ou GPS e Navegação Inercial. O peso varia de 6,5 Kg a 94kg, dependendo do tipo da bomba.
Os três modelos podem ser usados pelo TB2, sendo as verões C e L as mais empregadas.

Leve, barato, fácil de produzir e precisa, as bombas MAM se destacam junto do TB2 no combate, podendo engajar alvos parados ou em movimento.
Emprego em combate
Segundo o portal de Open Source Intelligence (OSINT) Oryx, 793 veículos diversos foram confirmados como destruídos pelo TB2 em múltiplos conflitos. A lista não conta ataques contra depósitos de munição, tropas e edificações militares e cita somente os alvos que podem ser confirmados através de fotos e vídeos. Ou seja, a “conta” de alvos destruídos pelo drone turco deve ser ainda maior.
O TB2 começou a se destacar nos combates entre Turquia e Curdistão, onde foi usado para atacar com precisão as tropas do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) e YPG (Unidades de Proteção Popular). As duas unidades são consideradas como grupos terroristas pelo governo turco, apesar de lutarem contra o Estado Islâmico.
Em agosto de 2018, o TB2 foi usado numa operação conjunta entre o serviço de inteligência e o exército turco, que resultou na morte do líder do PKK, İsmail Özden. Na Líbia, o modelo foi responsável por eliminar grandes concentrações de tropas e sistemas antiaéreos Pantsir, mas algumas unidades também foram derrubadas pelos SAM. Na Síria, o TB2 destruiu uma imensa quantidade de tanques, blindados de combate de infantaria (IFV), sistemas antiaéreos e peças de artilharia, atuando em conjunto com o avançado sistema de guerra eletrônica Koral.
No conflito de Nagorno-Karabakh, entre Azerbaijão e Armênia, a Força Aérea Azeri fez extenso uso do TB2 contra diversos alvos armênios. Mesmo em áreas “poluídas” por sistemas de guerra eletrônica de origem russa, como Avtobaza, Repellen e Groza, o TB2 se sobressaiu e foi capaz de engajar e destruir os alvos requisitados, sendo a maioria deles posições de artilharia das forças armadas azeris.
TB2 nas mãos da Ucrânia
Na Ucrânia, o drone turco é usado pela força aérea e marinha, que adquiriram 12 e seis unidades em 2019 e 2020, respectivamente. Desde o início da concentração de tropas da Rússia na fronteira, no início de 2021, o Bayraktar TB2 vem sendo usado para conduzir missões de vigilância e reconhecimento.

Por volta de 23h57 do dia 23/02, o presidente russo Vladimir Putin declarava guerra contra a Ucrânia em rede nacional. Minutos depois, já no dia 24, começava o massivo ataque russo contra o país vizinho, com grande uso de mísseis balísticos, de cruzeiro e barragens de foguetes e artilharia.
Contudo, contrariando a grande maioria das expectativas, a Ucrânia vem resistindo fortemente contra a invasão russa, causando grandes baixas e capturando tropas e veículos do exército de Putin, além de derrubar caças e helicópteros.
Pelo menos 30 veículos e peças de artilharia perdidos pelos russos e pela autoproclamada República de Donetsk foram destruídos pelos TB2 ucranianos, novamente usando as bombas MAM.
Além do combate real, o TB2 também é usado pela Ucrânia na guerra de propaganda e informação contra a Rússia, através da divulgação dos vídeos do drone atacando as tropas russas.
БАЙРАКТАРИ В РОБОТІ. НАШІ ОПЕРАТОРИ ЮВЕЛІРНО КРИЮТЬ КОЛОНИ ВОРОЖИХ ВІЙСЬК. ЗНИЩЕНО РОСІЙСЬКИЙ БУК В РАЙОНІ МАЛИНА ЖИТОМИРСЬКОЇ ОБЛАСТІ.БІЙТЕСЯ, ВОРОГИ! НЕ БУДЕ ВАМ СПОКОЮ НА НАШІЙ ЗЕМЛІ!HTTPS://T.CO/P5FCPEWTB8 PIC.TWITTER.COM/DH2UEUBKST— ВОЇНИ УКРАЇНИ🇺🇦 (@ARMEDFORCESUKR) FEBRUARY 27, 2022
Revolucionário
O TB2 vem se destacando desde os combates na Líbia, mas com o conflito entre os azeris e armênios, o Bayraktar turco passou a ser considerando um gamechanger no combate. Como observa o Oryx, a aeronave “mudou a noção de como os conflitos modernos estão sendo combatidos.”
Leve e barato, o TB2 destruiu sistemas e equipamentos avançados, múltiplas vezes mais caros que o seu próprio custo de aquisição, mesmo se somarmos as bombas de precisão. Além disso, sua baixa assinatura radar (apesar de não ser uma aeronave completamente stealth) permite que o TB2 busque e engaje sistemas de baterias antiaéreas. Nesta semana, um BUK M1 russo foi destruído por um TB2 ucraniano.
VIDEO OF A UKRAINIAN TB2 STRIKE ON A RUSSIAN BUK-M1-2 9A310M1-2 TELAR IN ZHYTOMYR OBLAST. PIC.TWITTER.COM/OBZ6REHDSA
— ROB LEE (@RALEE85) FEBRUARY 28, 2022
“O desempenho do TB2 diante desses sistemas, projetados para negar completamente às forças aéreas das nações mais avançadas a capacidade de funcionar, marcou um momento decisivo na história da guerra moderna”, diz o portal sobre a atuação do drone em locais com grande presença de sistemas de guerra eletrônica.
Além de poder atacar seus próprios alvos, o Bayraktar pode passar horas em cima de um ponto de interesse, sem ser detectado. E mesmo que não esteja carregando armamentos, ele pode guiar outras bombas ou mísseis de precisão até o alvo.
BAYRAKTAR TB2 НЕЙТРАЛІЗУВАВ 🇷🇺 ВІЙСЬКОВИЙ ЕШЕЛОН ІЗ ПАЛЬНИМРАЗОМ ПЕРЕМОЖЕМО! PIC.TWITTER.COM/1NER5TAPVQ— ВОЇНИ УКРАЇНИ🇺🇦 (@ARMEDFORCESUKR) FEBRUARY 28, 2022
A disparidade econômica entre o drone e os alvos que ele foi capaz de abater deixa ainda mais claro que mesmo os sistemas mais caros – capazes de de destruir caças de altíssimo valor – são vulneráveis a aeronaves não-tripuladas bem mais baratas.
A atuação do Bayraktar TB2 nas mãos da Ucrânia também aumenta o moral das tropas e da população que lutam contra a Rússia no momento. Assim como no caso da lenda urbana do ás chamado de Ghost of Kiev, internautas já criaram memes sobre o UCAV e sua positiva participação na guerra.
Até o momento não há confirmação de algum desses drones ucranianos tenha sido engajado e destruído pelas tropas russas, o que apenas aumenta sua fama entre os que acompanham a guerra no leste europeu e aqueles que estão vivenciando ela. Por outro lado, também serve de grande propaganda para o produto da Baykar Tech.