A Parashá dessa semana nos ordena a ficarmos felizes. Por outro lado, logo depois são listadas 98 maldições terríveis para cada judeu que transgredir a Torá.
Geralmente costumo evitar histórias do Holocausto porque nenhuma mente humana pode compreender, e muito menos explicar o que aconteceu. Um pai simplesmente não permite que essas coisas aconteçam com seus filhos, especialmente quando o pai é o Rei do Universo. Na verdade, é aceito que uma das primeiras coisas que Mashiach fará será esclarecer qual o sentido do oceano de tragédias que se abateu sobre os judeus desde o início de sua trajetória.
Segue uma história relatada a mim por alguém que a ouviu de um Chassid Vishnitz, sobrevivente da guerra.
"Os malditos nazistas precisavam muito de mão de obra e procuravam judeus de todas as idades em porões, sótãos, florestas e em todos os lugares possíveis. A maioria dos que foram pegos foram enviados para campos de concentração, onde os nazistas poderiam concentrar-se em torturar e exterminá-los nas formas mais progressistas, culturais e intelectuais.
No campo onde estávamos, havia um monte de judeus religiosos e outros Chassidim que tinham sido capturados perto do fim da guerra. Eu tinha ouvido falar que os alemães eram extraordinariamente cruéis em torno dos feriados judaicos e logo comprovei o fato.
Em Rosh Hashaná fizeram-nos trabalhar o dia todo sem parar, em seguida, no Yom Kipur nos obrigaram a comer e, finalmente em Sucot diminuíram nossas micro rações pela metade. Mas quando Simchat Torá chegou (o último dia de Sucot) eles realmente enlouqueceram.
Éramos em torno de cinquenta, todos jovens Chassidim Vishnetzer, e anunciaram que seriamos levados para as câmaras de gás em questão de minutos. Todo mundo começou a chorar incontrolavelmente, enquanto éramos levados para a morte. Fuga ou resistência era impossível. Estávamos tão fracos e eles estavam armados até os dentes e, além disso, não havia para onde correr com arame farpado em toda parte e os guardas acompanhados por cães ferozes.
Então, um do nosso grupo disse: ‘Escutem amigos, esta noite é Simchat Torá ... nós somos judeus, certo?! Estes animais pervertidos não podem tirar isso de nós. Temos que ficar felizes!‘
Ele começou a cantar uma música e na primeira nota todos cantamos juntos, mais alto e mais alto batendo os pés com a melodia.
De repente, por um segundo ou dois estávamos no controle! Estávamos livres! Os nazistas podiam governar nossos corpos, mas nossas almas estavam livres! Cantamos e dançamos tanto quanto foi possível.
De repente, o comandante alemão gritou "Halt"! E os soldados pararam nossa comemoração.
Ficamos em silêncio enquanto ele nos examinava caminhando em suas botas altas pretas e lustradas que se encaixam perfeitamente no uniforme preto e, em seguida, disse com um sorriso de escárnio em seus lábios: ‘Então vocês querem se alegrar no seu feriado estúpido? Bem, nós também queremos nos alegrar. Por que vocês são tão egoístas?’
Ele sorriu, olhou em volta satisfeito e continuou: ‘Em vez de matá-los agora eu vou levar vocês de volta. Amanhã de manhã às cinco da manhã vou acordar todo o campo e todo mundo vai ser forçado a assistir como vocês ficam felizes sendo lentamente torturados até a morte, um de cada vez! Vamos ver como vocês se alegram judeus.’
Ele gritou uma ordem e fomos levados de volta a uma espécie de prisão com uma porta de ferro espessa que bateu ameaçadoramente atrás de nós.
Mas D'us tinha outros planos.
Parece que algumas horas mais tarde, no meio da noite, veio uma ordem urgente do alto comando que o nosso acampamento tinha que fornecer mil trabalhadores para outro local. Uma unidade especial foi enviada para escolher e reunir os trabalhadores. Mas depois de algumas horas de busca só conseguiram novecentos e cinquenta homens fisicamente capazes. Então, alguém comentou que se lembrava de ver cinquenta jovens animados sendo levados para a 'prisão'. Então, às 2 da manhã, a porta de metal se abriu e fomos arrastados de nossa prisão, arrebanhados em caminhões e enviados para longe, para o trabalho.
Enquanto isso, no início da madrugada o comandante do campo acordou, aprontou seus algozes, despertou todos os judeus e todos eles se reuniram do lado de fora na manhã fria congelada para o 'show', mas quando chegou na nossa prisão ele viu que estava... vazia! Não havia ninguém para matar.
Nem todos sobreviveram ao campo de trabalho, mas uma coisa é certa, se não fosse por nossa alegria naquela noite eu certamente não estaria aqui para contar essa história, todos nós teríamos sido assassinados."
Isto responde às nossas perguntas. O estado natural do ser humano, especialmente o judeu a alegria. E a sentimos em seu clímax ao perceber a verdade: a de que D'us está nos criando a cada instante. Mas quando temos dúvidas sobre nossos objetivos não podemos ficar felizes. É isso que a Torá está nos falando ao descrever as maldições. Quando esquecemos a alegria, D'us pode nos mandar dificuldades de modo a nos forçar a acordar e a revelar nossa verdadeira identidade.