
Grupos de extrema-direita, incluindo neonazistas, têm aproveitado a pandemia do coronavírus para intensificar sua atuação no Brasil.
Pesquisadores que monitoram fóruns extremistas na internet já identificaram postagens de conteúdo preconceituoso e xenófobo relacionado à covid-19.
Denúncias sobre esse tipo de atividade mais do que triplicaram. É o que aponta a Safernet Brasil, associação sem fins lucrativos que monitora crimes e violações de direitos humanos na web. A quantidade de alertas feitos à entidade sobre atividade neonazista na internet aumentou 253% na comparação entre abril deste ano, já durante a pandemia, ante o mesmo mês do ano passado.
Em abril de 2020, a Safernet recebeu 307 denúncias, contra 109 páginas na internet voltadas ao público brasileiro, a respeito de atividade neonazista. No mesmo mês do ano passado, quando o coronavírus ainda não era um problema de saúde mundial, a entidade recebeu 87 denúncias, relacionadas a postagens em 46 páginas. O número de denúncias relacionadas à xenofobia (preconceito contra estrangeiros) cresceu ainda mais, 271%. De 67 alertas feitos em abril de 2019, o número passou para 249 neste ano.
"Houve um aumento da xenofobia principalmente contra asiáticos, contra chineses", afirmou o presidente da Safernet, Thiago Tavares. "Houve também um aumento da atividade neonazista." Segundo Tavares, essa atividade está relacionada a postagens em defesa da eugenia (busca por uma raça "pura"), por exemplo, mas também a discussões para atos que são praticados no mundo real. "A atividade não se encerra numa postagem", explicou Tavares. "Parte disso já está sob investigação.".