A algumas dúzias de metros do Muro das Lamentações, de 2.000 anos de idade, localizado em Jerusalém, misteriosas câmaras subterrâneas talhadas na rocha foram reveladas nesta terça-feira (19) por arqueólogos israelenses. Três cômodos sucessivos, que datam da época romana, foram descobertos durante a escavação de uma estrutura grande e sumptuosa de 1.400 anos de idade, decorada com arcos e piso de mosaico.
"No começo, ficamos muito decepcionados porque, embaixo do mosaico no chão, caímos no substrato rochoso e pensamos que a atividade humana havia parado por ali", explica Barak Monnickendam-Givon, co-diretor encarregado das escavações na Autoridade de Antiguidades de Israel.
Então "descobrimos três câmaras, todas as três cortados na rocha" e que se conectam por escadas, acrescenta.
Tais estruturas eram raras nas cidades judaicas da época, observa.
Elas são enfeitadas com inúmeras esculturas e nichos, alguns dos quais certamente foram usados para colocar lâmpadas de óleo, segundo o arqueólogo.
Essas salas poderiam ser a despensa de um prédio que desapareceu ou um espaço para guardar e preparar refeições para os padres da Cidade Santa ou peregrinos que visitavam o Templo, acredita.
"Aqui encontramos recipientes usados para cozinhar refeições, lâmpadas a óleo, potes usados para armazenar trigo, cevada e azeite", diz Monnickendam-Givon.
Os cômodos não parecem ter uma "ligação direta" com o segundo Templo judeu, destruído pelos romanos em 70 d.C e cujo Muro das Lamentações é o único vestígio de um muro de contenção.
Acima do Muro se estende o Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo, chamado de santuário nobre pelos muçulmanos, para quem é o terceiro lugar mais sagrado e onde a mesquita de Al-Aqsa está localizada.
As escavações fazem parte de um projeto para criar um espaço de exposição subterrânea, apresentando objetos de diferentes épocas encontrados neste setor.
"Vamos procurar tudo o que está abaixo da esplanada do Muro das Lamentações", diz Monnickendam-Givon.
"A ideia é separar as atividades culturais, onde as pessoas rezam, e (no subsolo), os turistas poderão passear entre os achados arqueológicos", explica.
A apresentação dessas descobertas ocorre alguns dias antes do "Dia de Jerusalém", durante o qual os israelenses comemoram a captura da Cidade Velha por seu Exército durante a Guerra dos Seis Dias em 1967, quando estava sob controle da Jordânia.
Marcado por desfiles na Cidade Velha, este dia cria tensões com os palestinos, que querem fazer de Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, a capital do Estado a que aspiram.