Marie-Madeleine Fourcade,a espiã esquecida que liderou o maior grupo de inteligência da Resistência Francesa .
Quando os soldados e políticos da França não conseguiram impedir a invasão da Alemanha nazista, em 1940, uma mulher notável se destacou ao lado de outros cidadãos voluntários que ingressaram na Resistência.
De classe alta e mãe de dois filhos, quando a Segunda Guerra Mundial estourou, Marie-Madeleine Fourcade não apenas participou da Resistência, ela liderou o seu maior grupo de espiões, a Alliance (Aliança), e desafiou o patriarcado de nazistas e franceses que tentavam sufocar o avanço das mulheres. Sua história é contada em novo livro de não ficção da autora best-seller Lynne Olson chamado "Guerra Secreta de Madame Fourcade: a jovem ousada que liderou a maior rede de espionagem da França contra Hitler".
Com 3.000 voluntários, os sucessos da Alliance incluíam fornecer aos Aliados um mapa de 55 pés de praias da Normandia que se mostraram vitais no Dia D, seu 75º aniversário comemorado este ano. No final da guerra, Olson escreve: "Nenhuma outra rede de espiões dos Aliados na França durou tanto tempo ou forneceu tanta informação de inteligência crucial durante o conflito", acrescentando que Fourcade era a única mulher a chefiar uma organização de resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial.
"A primeira vez que me deparei com Marie-Madeleine Fourcade, fiquei surpresa por nunca ter ouvido falar dela antes", disse Olson ao The Times of Israel. "Foi incrível - uma jovem mulher que liderou a maior e mais influente rede de espiões aliados da França ocupada".
Sua carreira no pós-guerra incluiu servir no Parlamento Europeu e ajudar ex-membros de sua rede e seus sobreviventes. Após a sua morte em 1989, aos 79 anos, ela foi a primeira mulher a receber um funeral em Les Invalides, o local de descanso final de alguns dos heróis mais admirados da França, incluindo Napoleão.
No entanto, Olson disse que a história não tem dado o devido mérito para Fourcade, que "não conseguiu a atenção que eu acho que ela merecia".
Olson soube pela primeira vez sobre Fourcade enquanto pesquisava seu livro anterior, "Last Hope Island: Grã-Bretanha, Europa Ocupada e a Irmandade que Ajudou a Virar a Maré da Guerra". Ex-correspondente da Casa Branca no Baltimore Sun, Olson escreveu best-sellers sobre o Reino Unido e o esforço de guerra dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial.
Olson leu a autobiografia em língua francesa de Fourcade em 1968 e sua tradução para o inglês, além de memórias de dois de seus ex-tenentes, Jean Boutron e Ferdinand Rodriguez. Ela também entrevistou a filha da espiã, Pénélope Fourcade-Fraissinet, que ela teve com seu segundo marido, o empresário Hubert Fourcade. Esses caminhos ajudaram Olson a contar a história de uma pessoa que viveu uma vida de risco, desafiando todas a morte.
Nascida Marie-Madeleine Bridou, em Marselha, a espiã passou seus primeiros anos em Xangai, onde seu pai era executivo de linhas de navegação. Depois que ele morreu, a família retornou à França, mas ela voltou a viajar depois de se casar com seu primeiro marido, o oficial do exército francês Édouard-Jean Méric, que ela acompanhou ao Marrocos. Eles tiveram dois filhos, Christian e Béatrice, mas se separaram em 1933.
Na cidade de Paris anterior à guerra, ela conseguiu um emprego na indústria do rádio, obteve uma licença de piloto e competiu em corridas de automóveis. E em 1936, em uma reunião social que incluía o futuro líder da Resistência Charles de Gaulle, Fourcade encontrou um oficial de inteligência militar francês chamado Georges Loustaunau-Lacau. Ele então recrutou a Fourcade para uma operação privada destinada a coletar informações sobre a Alemanha.
O medo de uma formação alemã foi comprovado e justificado com o Blitzkrieg e a queda da França em 1940. Em setembro, Loustaunau-Lacau fundou a Alliance, sob o codinome Navarra. Desde o início, Fourcade era responsável pelo recrutamento de agentes para a rede.
"Ele ensinou muito a ela", disse Olson, de Loustaunau-Lacau. "Mas, por tentativa e erro, ela fez isso sozinha". E, embora o trabalho tenha sido difícil, Olson disse: "Ela aprendeu muito rápido".