Texto: Aryeh Savir / TPS
Imagem: Maayan Harel/TAU
Tradução: Alessandra Franco
Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv desenvolveram uma nanopartícula que pode ser usada como vacina contra o melanoma, câncer de pele fatal, conforme anunciou a Universidade de Tel Aviv nesta segunda-feira, 5/8.
Liderada pela professora Ronit Satchi-Fainaro, chefe do Departamento de Fisiologia e Farmacologia e chefe do Laboratório de Câncer e Nanomedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Tel Aviv, a equipe desenvolveu uma vacina que se mostrou mais eficaz em camundongos em três situações primárias: como tratamento profilático, como medicação para o tratamento de tumores primários e para a erradicação do câncer metastático.
Os pesquisadores desenvolveram pequenas partículas feitas de um polímero biodegradável, com cerca de 170 nanômetros de tamanho. Dentro de cada partícula, eles “acondicionaram” dois peptídeos, cadeias curtas de aminoácidos, que são característicos das células do melanoma. Eles então injetaram as nanopartículas em camundongos que eram portadores do melanoma.
"Essas nanopartículas carregam uma molécula de açúcar que serve como um marcador que atinge as células dendríticas do sistema imunológico e ativam as células T, que por sua vez atacam o tumor", explicou Satchi-Fainaro.
“Essas partículas funcionaram exatamente como as vacinas virais conhecidas: elas estimularam o sistema imunológico dos camundongos fazendo com que as células desse sistema aprendam a identificar e atacar as células contendo os dois peptídeos “acondicionados” – isto é, as células do melanoma. Isso significa que o sistema imunológico do camundongo vacinado irá atacar as células do melanoma, se e quando elas aparecerem no corpo”, ela acrescentou.
Com a decorrer do estudo os pesquisadores examinaram a eficácia da vacina em três situações diferentes.
Primeiro, como medida preventiva, a vacina foi aplicada em camundongos saudáveis e em seguida, células do melanoma foram injetadas. O resultado foi que os camundongos não ficaram doentes, o que significa que a vacina preveniu a doença.
Em segundo lugar, a vacina foi testada como terapia para um tumor primário. Uma combinação da nova vacina e imunoterapia foi testada em camundongos com melanoma. O tratamento sinérgico combinado atrasou significativamente a progressão da doença e prolongou grandemente as vidas de todos os camundongos tratados.
No terceiro caso, no tratamento do câncer metastático, os pesquisadores examinaram tecidos humanos de metástases de melanoma cerebral removidas de pacientes. A metástase cerebral é uma das principais causas de mortalidade em pacientes com diagnóstico tardio. A pesquisa descobriu que o tecido doente continha peptídeos e era um alvo para a vacinação.
“A guerra contra o câncer em geral, e o melanoma em particular, tem evoluído ao longo dos anos por meio de diversos métodos terapêuticos, como cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. Porém, a abordagem da vacina, que se mostrou tão eficaz contra várias doenças virais, ainda não se materializou contra o câncer. Em nosso estudo, mostramos que é possível produzir uma nano-vacina eficaz contra o melanoma, bem como para sensibilizar o sistema imunológico para imunoterapias”, disse Satchi-Fainaro.
"Nossa pesquisa abre uma abordagem totalmente nova - a abordagem da vacina - para o tratamento eficaz do melanoma, mesmo nos estágios avançados da doença", acrescentou Satchi-Fainaro. "Acreditamos que o método que desenvolvemos também pode ser compatível com outros tipos de câncer, e acreditamos que nosso trabalho é uma base sólida para o desenvolvimento futuro de vacinas contra o câncer humano".