Segundo relatórios da Inteligência do país, o Hezbollah teria vínculos com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), do Brasil, que opera em cidades fronteiriças, especialmente na região do Alto Paraná, e lá lavaria dinheiro para narcotraficantes e o grupo libanês.
Fontes citadas pela agência Bloomberg indicam que o Brasil também está considerando designar o grupo como uma organização terrorista. Recentemente, o país reconheceu a presença do grupo xiita na América do Sul.
O presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, classificou ainda, por meio de um decreto, o Estado Islâmico e a al-Qaeda como organizações terroristas globais, e a organização palestina Hamas como grupo terrorista internacional. As medidas foram anunciadas pelo ministro do Interior, Juan Ernesto Villamayor.
- Este decreto exige a implantação de um protocolo na área de segurança, principalmente na área de financiamento das atividades dessas organizações, seus braços, para levar adiante a luta contra o terrorismo internacional - disse Villamayor, enfatizando que as agências de prevenção ao terrorismo e os sistemas de controle e fluxo monetário serão reforçados.
Os Estados Unidos têm pedido para países da América Latina denunciarem o Hezbollah como um grupo terrorista como parte de sua estratégia linha dura anti-Irã, que vem ganhando força desde que o presidente Donald Trump saiu do acordo nuclear de 2015, em maio do ano passado.
No Twitter, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), cotado para se tornar embaixador brasileiro em Washington, comentou nesta segunda-feira a decisão paraguaia. "Essa questão do Hezbollah envergonha o Brasil no exterior. Temos que mudar essa realidade o quanto antes. Desconheço argumentos plausíveis que justifiquem considerar o grupo terrorista Hezbollah como partido político".
No mês passado, a Argentina cedeu às pressões americanas durante o 25º aniversário do atentado à associação judaica Amia, que deixou 85 mortos. O país e os EUA culpam o Hezbollah e o Irã pelo ataque - acusações rejeitadas por ambos.
O Hezbollah, ou, em árabe, o Partido de Deus, é ao mesmo tempo um grupo armado, uma agremiação política e uma organização social. O movimento tem representação no governo libanês e considerável poder geopolítico, mas é considerado uma organização terrorista por diversos países, incluindo os Estados Unidos e a Arábia Saudita.
A Alemanha vê a ala militar do Hezbollah como um grupo terrorista, mas não estende a designação para suas alas políticas e sociais. A Rússia e a China não o consideram um grupo terrorista.