
Segundo a lei judaica, a mulher tem de mergulhar num banho ritual depois da menstruação para recuperar a pureza. Só depois disso um casal pode voltar a ter relações sexuais. É esta prática que o Ministério dos Assuntos Religiosos de Israel quer promover, tendo já encomendado anúncios no valor de um milhão de shekels (mais de 250 mil eiros) que visam a sua promoção na televisão e redes sociais.
O objetivo da campanha - que surge a pouco mais de um mês das legislativas marcadas para 27 de setembro - é tornar a ideia dos banhos rituais (os mikveh) mais apelativa, como explicava o governo ao diário Haaretz. Mas os sectores laicos da sociedade israelita já manifestaram o seu desagrado, acusando o Ministério de exceder as suas atribuições legais que afirmam estar limitadas à oferta de serviços religiosos aos cidadãos que os peça. Com esta campanha, denunciam, o Ministério está a promover a obediência a um mandamento da halacá, a lei judaica.
A campanha em questão faz parte do acordo de coligação firmado em 2015 pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu com os partidos religiosos, como o Shas, a que pertence o ministro dos Assuntos Religiosos Isaac Vankin.
Os anúncios contarão com a participação de celebridades femininas que irão incentivar as mulheres israelitas a submergirem-se por completo três vezes consecutivas, nuas e em pé, sete dias depois da menstruação. Segundo a lei judaica, as mulheres são impuras depois do período e por isso não podem ter relações sexuais sem antes passarem pelo ritual do mikveh - um banho ritual realizado numa pequena piscina cheia de água da chuva situada geralmente numa sinagoga ou centro religioso.
Polêmica das conversões
Esta não é a primeira vez que o Ministério dos Assuntos Religiosos israelenses se envolve em polêmica. Há cinco anos lançou uma campanha nos media hebraicos para rever as conversões ao judaísmo. Os anúncios colocavam o foco nas conversões aprovadas por rabinos reformistas, uma corrente maioritária entre a comunidade judaica dos EUA, para que fossem revistas em Israel de acordo com o estrito ritual do rabinato ortodoxo.
A acreditar nas sondagens publicada no fim de semana, o bloqueio que em maio impediu Netanyahu de formar governo após fracassarem as negociações para integrar os partidos de direita na coligação de governo deverá repetir-se após o escrutínio de setembro.
No poder desde 2009, Netanyahu tem sido alvo de uma série de acusações de corrupção. Mas isso não o impediu de vencer as quintas eleições consecutivas. Mas a incapacidade para obter uma maioria de governo levou à convocação de novo escrutínio. Resta saber se esse conseguirá desbloquear o impasse político em Israel.