As escavações da Grande
Sinagoga de Vilnius, no sudeste da Lituânia, revelaram diversos objetos interessantes, dentre eles inscrições hebraicas de 223 anos. Segundo os pesquisadores, a inscrição, datada de 1796, fora esculpida em uma mesa de leitura da Torá, o conjunto de livros sagrados dos judeus.
As descobertas são notáveis porque a sinagoga, historicamente chamada de "Jerusalém do Norte", foi queimada durante a Segunda Guerra Mundial e depois arrasada pelas autoridades soviéticas lituanas em 1957. "A Grande Sinagoga é a sinagoga mais importante da Lituânia", disse Jon Seligman, diretor da escavação da sinagoga e arqueólogo da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), ao site Live Science. "Tornou-se nada menos que a catedral dos judeus da cidade".
Aparentemente a mesa, chamada de bimah, foi doada por dois irmãos, o rabino Eliezer e o rabino Shmuel, em memória de sua mãe, Sarah, e de seu pai, rabino Chaim, que emigrara da Lituânia. Como reporta o Jerusalem Post, na placa de pedra é possível ler "Nossa mãe, filha do rabino Shabbtai, (morreu) no dia 4 de Adar, (1782) e nosso pai Rabi Chaim morreu no dia 7 de Nissan, (1786)".
As primeiras investigações revelam que a família de doadores era uma das principais famílias ligadas a rabinos da Lituânia no início do século 18. A ausência do sobrenome na inscrição levou as autoridades a pedirem informações sobre a família através do Facebook.
"Estas são as descobertas que mais nos fascinam", afirmaram os pesquisadores. "São os objetos pessoais que fornecem uma conexão direta com as pessoas e que imediatamente acendem a imaginação".
Segundo a IAA, o projeto de expor a histórica Grande Sinagoga de Vilnius faz parte do conceito de "patrimônio sem fronteiras", que inclui a pesquisa de locais fora das fronteiras do Estado de Israel. "Isso decorre da percepção de que o IAA foi encarregado pelos israelenses de servir como 'torre de vigia' em seu nome para a proteção do patrimônio e dos bens culturais", alegou Israel Hasson, diretor da entidade.
O local, contudo, demorou a ser explorado. Com exceção de uma pequena escavação feita por arqueólogos lituanos em 2011, o local não foi completamente examinado até 2015, quando Seligman e seus colegas usaram um radar de penetração no solo para identificar as ruínas do prédio histórico antes de escavá-las.
Quando os trabalhos começaram, os arqueólogos foram encontrando tesouros da cultura hebraica, como o local dois banhos, conhecidos como mikvahs, partes do bimah, ladrilhos e a própria inscrição. "Entre os achados recuperados durante a escavação, havia um livro de orações que sobreviveu ao Holocausto, centenas de moedas dos séculos 16 ao 20 e botões do exército de Napoleão, que passou por Vilnius a caminho da derrota em Moscou em 1812", relatou a equipe.