
Israel se prepara para enfrentar um crescimento de 100% de sua população dentro de 30 anos e planeja construir 1,5 milhão de novas casas até 2040, principalmente no centro do país já superpovoado, embora especialistas sugiram que seria melhor desenvolver outras áreas, com menor densidade demográfica, como o Negev e a Galileia.
O planeta, que atualmente abriga 7,7 bilhões de pessoas, terá que lidar com mais dois bilhões de pessoas até 2050 e um total de até 11 bilhões até o final do século, de acordo com um relatório da ONU publicado recentemente.
Dentro do mesmo período de 2050, a população de Israel, cujos índices mostram um aumento de 2% ao ano, deve dobrar dos atuais nove milhões para 17,6 milhões, de acordo com o Escritório Central de Estatísticas. Essa previsão é preocupante para um país pequeno como Israel e que já tem uma das maiores densidades populacionais do Ocidente, com pouco espaço para novas construções.
Como muitos países que enfrentam um crescimento exponencial, o Estado judeu terá que lidar com as implicações e, eventualmente, com cobranças da população, como as que ocorreram em 2011, com relação ao alto custo de vida e falta de moradias, em particular.
Críticos - entre eles muitos prefeitos - dizem que o foco do governo na construção de moradias não leva em conta a necessidade de investimento em infraestrutura, como a construção de estradas, rede de esgotos, escolas e hospitais e aumento do transporte público. Eles alertam que o aumento do congestionamento nas estradas e a falta de investimentos em melhoria do transporte público deve contribuir para uma piora na qualidade de vida.
Além disso, a sociedade civil e grupos ambientalistas lamentam os poderes concedidos a um novo órgão de planejamento que, contrariamente às declarações do governo sobre a importância de preservar o espaço aberto do país, prevê a construção de novas moradias em áreas verdes e em terras agrícolas.
Após os as manifestações de protesto de 2011, que levaram 400 mil israelenses às ruas, o governo estabeleceu um comitê ministerial para planejamento e construção que ficou conhecido como o "gabinete habitacional". O papel do gabinete é identificar "locais preferenciais (prioritários) para a construção de moradias" - até o final do ano passado, 108 foram identificados para a construção de 386.000 apartamentos.
Para aprovar rapidamente os planos de construção em grande escala nesses locais preferenciais, o governo criou em 2014 um Comitê Temporário para Locais de Moradia, conhecido como Vatmal. Funcionando paralelamente aos níveis regulares dos comitês de planejamento locais, distritais e nacionais, o Vatmal aprovou, desde 2014, um terço de todas as unidades habitacionais com luz verde para a construção.