Dois jovens ingleses foram detidos por encorajar ataques ao príncipe Harry, a quem acusam de “traidor da raça” por ter se casado com uma mulher afrodescendente, a americana Meghan Markle. Eles participam de um grupo neonazista chamado Sonnenkrieg Division (Divisão Guerra do Sol), que defende o assassinato do príncipe e o enforcamento de mulheres brancas que se relacionam com homens não-brancos.
O Reino Unido viu nascer muitos grupos fascistas neste início de século, alguns organizados como partidos políticos, outros ligados a iniciativas terroristas. A Frente Nacional, por exemplo, é um partido criado nos anos 70 que aceita apenas membros de cor branca. Já o grupo Scottish Dawn (Alvorecer Escocês) se descreve como uma sociedade patriótica para a defesa da raça e da nação escocesa.

Entretanto, seu escrutínio pela justiça inglesa provocou uma pulverização e o surgimento de vários outros grupos radicais neonazistas. Muito se comenta sobre o crescimento da extrema-direita na Europa. Até mesmo a Polônia, massacrada por Hitler, tornou-se fértil para esta ideologia.
A Inglaterra perdeu milhares de vidas nos campos de batalha justamente para derrotar o fascismo alemão, mas vê parte de sua juventude fascinada pelos extremos nazistas.
Políticos e ativistas da extrema direita têm se aproveitado de cenários de incerteza econômica, social e política, além de outros fatores da globalização, como a imigração e o terrorismo, para ampliar suas bases e disseminar ódio e violência.
Nós, brasileiros, não estamos tão longe disso, já que existe um discurso fascista bastante popular no país que promove o ódio contra nordestinos, por exemplo. Além disso, é notória a presença de neonazistas nos estados do sul.
Exemplos não faltam na História a respeito dos malefícios de regimes extremistas, tanto à direita quanto à esquerda. O fascínio que eles provocam está bastante ligado à busca por identidade, ao desespero diante de cenários caóticos. Nestas situações, eleger um bode expiatório é uma atitude esperada, mas culpar o outro pela nossa insignificância diante do mundo não devia mais ser um leitmotiv em sociedade alguma.
Fernando Verga é jornalista