Na semana passada, a família bilionária alemã Reimann, dona das empresas JAB Holdings, Krispy Kreme, Panera Bread e Pret a Manger, admitiu ter lucrado e participado dos abusos dos nazistas e se beneficiado do trabalho escravo durante o regime do ditador alemão.
O reconhecimento veio depois que o jornal alemão Bild relatou que Albert Reimann e seu filho, Albert Reimann Jr., ambos falecidos, eram ativos no Partido Nazista e usaram civis russos e prisioneiros de guerra franceses como escravos durante a Segunda Guerra Mundial.
A família - que inclui quatro filhos bilionários de Reimann Jr., e que têm, cada um, fortunas calculadas em US$ 3,7 bilhões - anunciou que planeja doar cerca de US$ 11 milhões para uma "organização adequada", segundo Peter Harf, porta-voz da família, mas ainda não revelou qual.
Harf afirmou também que a família está fazendo um estudo dos laços de seus ancestrais com o nazismo, com a ajuda do historiador alemão Pauk Erker. O trabalho do historiador está em andamento e deve ser concluído em 2020, disse um porta-voz à Forbes.
A família Reimann, porém, não é a única suspeita de ter ancestrais que participaram de atividades nazistas ou de terem lucrado com o regime do ditador alemão. Mais de uma dúzia de bilionários europeus e suas famílias cujas raízes empresariais antecederam a Segunda Guerra Mundial - incluindo Klaus Michael Kuehne, de Kuehne e Nagel, e Heinz Hermann Thiele, da Knorr-Bremse AG - tinham laços com o nazismo através de contratos, trabalho escravo, apropriação de bens roubados e outras atividades.
"Essa descoberta não surpreende. Em 1944, um terço de toda a força de trabalho na Alemanha usava trabalho escravo. Isso significa que quase todas as empresas que produziam na época estavam de alguma forma envolvidas com a economia de guerra", diz Roman Köster, historiador alemão.
Ele acrescenta que o caso da família Reimann é mais grave por causa do envolvimento dos ancestrais com abuso e maus-tratos desses trabalhadores, embora um porta-voz dos Reimann tenha dito que Albert Reimann e Albert Reimann Jr. não participaram diretamente desses abusos.
Muitas dessas empresas bilionárias reconhecem abertamente o seu passado e pedem desculpas por esses laços, embora sejam raras as iniciativas de reparação financeira através de doações.