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O duelo eleitoral opõe, principalmente, o Likud, partido direitista do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, a uma coligação de centro, Azul e Branco, encabeçada pelo general Benny Gantz.
Netanyahu enfrenta a votação mais acirrada dos últimos anos justamente por encontrar adversários com credenciais centristas, donos de vasta experiência na área de defesa e com propostas econômicas regadas a livre mercado.
O premiê lembra com nostalgia de embates eleitorais recentes, delineados pela dicotomia clássica com a esquerda, quando o discurso de segurança e liberalismo econômico proporcionou sucessivos triunfos nas urnas.
Se vencer na terça, Netanyahu poderá bater o recorde de permanência à frente do governo israelense, registrado pelos 13 anos de David Ben-Gurion, patriarca da independência e um dos ícones do hoje depauperado Partido Trabalhista.
A comparação entre premiês ilustra ondas políticas em Israel. O trabalhismo, de líderes como Golda Meir, Yitzhak Rabin e Shimon Peres, correspondeu ao principal polo de poder entre 1948 e 1977, ano da chegada do Likud ao governo.
O Partido Trabalhista, defensor de diálogo com palestinos, colheu o último trunfo eleitoral há 20 anos. A espiral decadente reserva, nas pesquisas de intenção de voto, cerca de 10 das 120 cadeiras do Parlamento ao partido comandado por Avi Gabbay, potencial aliado da coligação centrista Azul e Branco.
No poder desde 2009, Netanyahu, que governou também de 1996 a 1999, tornou-se símbolo principal da guinada israelense à direita. Surfa em ondas ideológicas e demográficas a modelar o país.
A debacle do trabalhismo se acentuou a partir da década de 1990. Sofreu o golpe do fim da Guerra Fria e da desintegração da URSS, como o enfraquecimento de cartilhas esquerdistas, ainda que de grupos críticos ao modelo soviético.
Entre 1989 e 2006, chegaram a Israel cerca de 1 milhão de imigrantes oriundos da extinta URSS. Novos eleitores, após fuga da experiência soviética, engrossaram partidos da direita, atraídos por plataforma refratária ao socialismo e simpática ao nacionalismo, em contraste com teses do "internacionalismo proletário".
O fortalecimento da direita ao final da Guerra Fria, no entanto, ainda foi incapaz de impedir a vitória do trabalhista Ehud Barak em 1999. O então primeiro-ministro retirou tropas israelenses do sul do Líbano e apostou nos Acordos de Oslo, processo de paz com palestinos iniciado em 1993.
No sul do Líbano, após a retirada comandada por Barak, enraizou-se o Hezbollah, arqui-inimigo de Israel e controlado pelo Irã. O processo de Oslo fracassou e, em seguida, eclodiu a Segunda Intifada, levante palestino dos ataques com homens-bomba.
Netanyahu aproveitou consequências da era Barak e mudanças demográficas para ampliar sua fatia do eleitorado. Consolidou um discurso pró-segurança também ao apontar ameaças na vizinhança: o fundamentalista Hamas controla a faixa de Gaza desde 2007 e, na Síria, a teocracia iraniana busca estabelecer presença militar.
Em entrevista ao site The Times of Israel, o chanceler do Omã, Yusuf bin Alawi, afirmou que o mundo árabe deve discutir como permitir a Israel viver sem a sensação de insegurança. Tocou o dedo na ferida. E, enquanto o temor sobreviver, o Partido Trabalhista vai continuar como coadjuvante.
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