Michal Zernowitski cresceu em um partido religioso que não permite que as mulheres se candidatem. Os partidos políticos apoiados pela maioria dos seus vizinhos em Elad, um reduto ultra-ortodoxo, pertencem à coalizão de direita que governa o país. Michal, 38, escolheu um caminho diferente e desafiador. Michal aguarda a sua vez, sorri, levanta e faz um discurso que impressiona os presentes. A sua fala é uma crítica ao sistema de educação financiado pelo Estado, mas administrado pelos ultra-ortodoxos. Ela conta que se tornou uma pioneira por ser uma mulher ultrareligiosa que trabalha na indústria tecnológica, mas queixa-se de que os seus filhos estão parados "no mesmo lugar em que eu estava".
E critica asperamente os partidos haredi, que segundo ela, estão meio século atrasados na questão dos direitos das mulheres, dos direitos dos gays e em muitas outras questões, e o governo de direita sobre o qual estes partidos exercem enorme influência, porque, acrescenta, ele ignora os problemas que afetam as comunidades haredi por não querer se contrapor aos seus parceiros de coalizão.
E explica aos jovens que talvez nunca tenham conversado com os seus vizinhos 'de chapéu preto ou de peruca', que "uma revolução" está a caminho entre os ultra-ortodoxos: os "novos haredim", como ela os chama - gente mais jovem, mais preparada e que viaja para diversos lugares para trabalhar - têm sede de mudança. "Há um fosso enorme entre o que o establishment ultra-ortodoxo faz e o que as pessoas querem", afirma (David M. Halbfinger, NYT/O Estado de S.Paulo).