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ULTRAORTODOXOS NA EMPRESA WEEL, EM TEL AVIV, DISPÕEM DE UM AMBIENTE PARA ESTUDO E DEBATE RELIGIOSO (FOTO: DIVULGAÇÃO/WEEL) |
Antes isolados, judeus ultraortodoxos e beduínos ganham espaço em empresas de tecnologia em Israel .
Tradicionalmente mais afetados pelo desemprego e com salários mais baixos, esses grupos vêm ajudando o país a enfrentar a falta de profissionais qualificados.
Conhecido por sua vocação para a inovação tecnológica, Israel vive um momento desafiador. Enquanto se beneficia da proliferação de negócios digitais e startups de setores como cibersegurança e finanças, o país lida com o caráter tradicionalista de parte da população. Em diferentes grupos étnicos e religiosos, os costumes e a história difícultam a adaptação ao dia a dia em profissões competitivas.
No ano passado, companhias israelenses de alta tecnologia levantaram US$ 5,24 bilhões em novos investimentos, 9% a mais do que em 2016, segundo a IVC Research Center e o escritório de advocacia ZAG S&W. São mais de 6 mil empresas só nessa área, no país que tem a maior índice global de startups por habitante: uma a cada 1,4 mil pessoas. A proporção de engenheiros e cientistas em relação à população em geral é a maior do mundo -- 10 mil pessoas se graduam anualmente em ciência e tecnologia, numa nação com 9 milhões de habitantes. Mas isso será suficiente? Dois pesquisadores do Instituto Technion, após estudar o mercado, concluíram em 2016 que segmentos específicos em desenvolvimento de software e produção de hardware têm razão para se preocupar (embora os pesquisadores não tenham detectado uma falta generalizada de profissionais qualificados, reclamação constante das empresas em Israel, assim como no Brasil e nos Estados Unidos).
Há um déficit de cerca de 15 mil profissionais especificamente no setor de tecnologia da informação, segundo um levantamento de Start-Up Nation Central, J.P. Morgan Chase Foundation e Israel Advanced Technology Industries. Não é um problema restrito a Israel – no Brasil, também há falta de competência digital entre os profissionais.
Para complicar, o crescimento da população segue uma lógica oposta à do mercado: as maiores taxas de fertilidade ocorrem em grupos que, por questões religiosas ou históricas, estão afastados dos setores em que a demanda por profissionais cresce rapidamente.