Dieter com sua esposa Martha |
Um dos filhos do criminoso de guerra nazista mora na Argentina, no prédio ao lado de onde seu pai foi levado pelo Mossad;
De acordo com o jornal britânico, os dois outros filhos de Eichmann montaram uma célula nazista; "Quando seu pai foi executado, Klaus e Horst ficaram muito zangados e começaram a atacar os judeus", disse a ex-namorada de Horst.
O Daily Mail expôs esta semana a identidade dos quatro filhos do criminoso de guerra nazista, Adolf Eichmann. Um deles vive na Argentina a poucos quilômetros do local onde o Mossad encontrou seu pai e o levou a Israel para ser julgado por seus crimes em 1960. A cadeia de eventos que levou à captura do criminoso de guerra desencadeia um renovado interesse mundial, em meio ao recém-lançado, "Operation Finale" da Netflix, estrelado por Ben Kingsley e vários atores israelenses.
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Eichmann teve quatro filhos: Klaus, Horst e Dieter permaneceram leais ao pai, mesmo depois de sua morte, enquanto o mais jovem, Ricardo, renunciou ao criminoso de guerra nazista e o condenou.
Segundo o jornal britânico, Klaus e Horst morreram há três anos. O Daily Mail rastreou o terceiro filho, Dieter, agora com 76 anos e que mora em um apartamento em Buenos Aires. Carmen, uma ex-namorada de Horst, contou ao Daily Mail a história da família Eichmann.
Em sua casa em Garupá, no norte da Argentina, Carmen, de 61 anos, disse que Horst era muito próximo de seu pai. Em dezembro de 2015, quando Horst tinha 75 anos, ele morreu vitima de um câncer.
Da esquerda para a direita: Horst, Dieter e Klaus. |
Seu irmão Klaus, que morava na Alemanha, morreu de mal de Alzheimer no mesmo ano, aos 79 anos. O irmão Dieter mora com sua esposa italiana, Martha Valinotti, em um apartamento em Buenos Aires.
Dieter era gerente de construção que dividia seu tempo entre a Alemanha e a Argentina antes de se aposentar. Ele teve dois filhos e nunca deu entrevista, mas de acordo com Carmen, ele acredita que seu pai era inocente.
Carmen descreveu Horst, como um "nazista devoto" e disse que ele pendurou uma suástica na casa da família, depois que seu pai foi levado. "Depois que o vovô Eichmann foi sequestrado, a família entrou em crise. Foi um período muito difícil com Eichmann na prisão em Israel. Toda família estava preparada para a execução, pois sabiam que isso aconteceria”, disse ela ao jornal britânico.
Eichmann na prisão israelense. |
Eichmann foi responsável pela deportação de judeus europeus para guetos e campos de extermínio. Ele escapou e se estabeleceu na Argentina, sob o pseudônimo de Ricardo Klement. Ele morava com a esposa em uma casa modesta em Buenos Aires, onde trabalhava em uma fábrica da Mercedes. Sua identidade foi descoberta, depois que uma mulher judia chamada Sylvia Hermann namorou brevemente seu filho mais velho, Klaus, que não sabia que ela era judia.
“Eichmann disse uma vez que estava cansado de fugir. Sabia o que estava por vir e os mais velhos sabiam disso também. Eles esperavam, mas não facilitaram. Quando ele foi executado, Klaus e Horst ficaram muito irritados e começaram a atacar os judeus. Isso piorou ainda mais as coisas para eles", acrescentou Carmen.
Os filhos de Eichmann criaram uma célula terrorista nazista.
Carmen é costureira de profissão e vive com Horst há 13 anos.
Horst acreditava que o pai não tinha feito nada de errado. Os irmãos concordavam que o “vovô Eichmann” era inocente. Ele dizia aos filhos que Hitler ia atrás dos judeus, pois eles planejavam esterilizar os alemães colocando substâncias químicas na água.
"É por isso que eles foram mortos", disse Horst. “Os filhos tinham certeza que o pai, havia feito à coisa certa. Se Horst achasse que Eichmann era culpado, o seu mundo teria desmoronado”, disse ela ao The Daily Mail.
"É por isso que eles foram mortos", disse Horst. “Os filhos tinham certeza que o pai, havia feito à coisa certa. Se Horst achasse que Eichmann era culpado, o seu mundo teria desmoronado”, disse ela ao The Daily Mail.
De acordo com Carmen, Eichmann convenceu seus filhos de que ele só queria expulsar os judeus da Alemanha, mas foi forçado a matá-los depois que nenhum outro país os aceitou. Inicialmente Eichmann disse a seus filhos que ele era seu tio, a fim de evitar que sua verdadeira identidade fosse descoberta. Ele confessou ser o pai, após uma discussão com Horst.
O The Daily Mail revelou que, depois que seu pai foi executado, Horst e Klaus montaram uma célula nazista e planejavam atacar as sinagogas. Também foi relatado que, em 1962, após um tiroteio com a polícia, foram encontrados propaganda nazista, rifles e coquetéis molotov, com o qual planejavam atacar um ônibus escolar judaico. Horst foi enviado para a prisão dois anos depois por posse de armas de fogo e material de propaganda nazista.
O filho ainda acredita que Eichmann é inocente.
Carmen disse que descobriu o pai nazista de Horst quando estava grávida de seis meses de sua filha.
"Foi um choque no começo. Mas eu não culpei Horst por não ter me contado. Ele era uma pessoa muito cautelosa. Quando Veronica nasceu, nós lhe demos meu nome de solteira no hospital. Nunca poderíamos saber quem estava perto de nós.”
"Foi um choque no começo. Mas eu não culpei Horst por não ter me contado. Ele era uma pessoa muito cautelosa. Quando Veronica nasceu, nós lhe demos meu nome de solteira no hospital. Nunca poderíamos saber quem estava perto de nós.”
Klaus, o primogênito de Eichmann, era extremamente radical e profundamente comprometido com a ideologia nazista. De acordo com relatos da mídia na época, ele organizou uma coletiva de imprensa em Buenos Aires, horas depois de seu pai ter sido condenado à morte em protesto contra a "injustiça" da sentença.
"Todas essas coisas que eles acusam meu pai são pura propaganda. Esses crimes de guerra não são verdadeiros. Ouvi dizer que os principais judeus ordenaram essas execuções porque acreditam que os judeus deveriam ser mártires", disse ele em uma entrevista concedida em 1961, à Parade Magazine.
Em 1959, Klaus se casou com Martha, uma mulher de ascendência africana. O casal tem dois filhos. Mais tarde, Klaus deixou sua esposa e mudou-se para o sul da Alemanha, onde teve mais três filhos de outra mulher. Ele morreu há três anos.
Ricardo, o filho mais novo, nasceu na Argentina. Depois que seu pai foi levado à custódia israelense ele se mudou para a Alemanha com sua mãe Verônica e tornou-se arqueólogo especializado no Oriente Médio. Na década de 1990, ele disse em uma entrevista que a execução de seu pai era justificada, uma vez que ele merecia morrer por seus crimes horríveis.