
Lucy Aharish, de família muçulmana e a primeira árabe a
apresentar um programa em hebraico na televisão israelense, e Tsahi Halevi, ator
da série televisiva de sucesso "Fauda", casaram na quarta-feira, o
que foi revelado durante a noite pelos meios de comunicação social.
Segundo os media, o casal, de 37 e 43 anos respectivamente e
que está junto há vários anos, queria manter a união em segredo por temer
"reações extremistas".
O ministro do Interior, Arie Déry, ultraortodoxo, declarou a
uma rádio militar que este casamento "não é uma coisa boa". Déry
declarou-se preocupado com os futuros filhos do casal e convidou Aharish a
converter-se ao judaísmo, referindo os danos da "assimilação que consome o
povo judeu".
Um certo número de judeus opõe-se à "assimilação",
por exemplo através de casamentos mistos.
Entre eles encontra-se Bentzi Gopstein, líder da organização
de extrema-direita Lehava (A chama), conhecida por campanhas contra as relações
mistas, que criticou o casamento e apelou a Halevi para "preservar a
dignidade do povo judeu".
O deputado Oren Hazan disse através da rede social Twitter
que Lucy Aharish tinha "seduzido um judeu para fragilizar" Israel e
"impedir descendentes judeus de continuarem a dinastia judia".
"Desejo que Tsahi se islamize", escreveu o
deputado do Likud (partido de direita no poder em Israel), conhecido pelas
declarações provocadoras.
A sua colega no parlamento Shelly Yachimovich, trabalhista,
também reagiu no Twitter, mas desejando "parabéns e felicidades ao
maravilhoso casal".
"Lucy Aharish percebe melhor o que quer dizer ser judeu
que aquele que escreveu um 'tweet' racista e que causa náuseas", disse o
deputado trabalhista Stav Shaffir, numa referência a Oren Hazan.
A deputada do centro-direita Meirav Ben Ari também felicitou
o casal, desejando-lhes "Mabrouk" (parabéns em árabe).
A série "Fauda" ("Caos" em árabe),
disponível na plataforma digital de conteúdos Netflix e que tem tido sucesso a
nível mundial, encena o conflito Israel palestino, conferindo, segundo os
críticos, uma dimensão humana a todos os personagens, israelenses ou palestinos.