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Rádio de Israel se desculpa por tocar Wagner


Rádio de Israel se desculpa por tocar WagnerEmissora que executou trecho da ópera Crepúsculo dos Deuses recebeu reclamações de ouvintes. Obras de compositor antissemita associado com o nazismo são um tabu no país. A rádio pública de Israel quebrou um tabu ao transmitir uma obra do compositor alemão Richard Wagner, e pediu desculpas neste domingo (02/08) pelo que considerou um erro.

A transmissão ocorreu na última sexta-feira (21/08), quando uma emissora de música clássica da empresa de radiodifusão Kan reproduziu o final do terceiro ato da ópera Götterdämmerung (Crepúsculo dos Deuses).

Não existe nenhuma lei em Israel que proíba a reprodução de obras do compositor alemão, mas, em geral, evita-se fazê-lo. Tudo para evitar reclamações do público que ainda associa o compositor ao Holocausto.

Richard Wagner (1813-1883) produziu uma obra musical e literária extremamente nacionalista e era conhecido pela sua atitude repleta de antissemitismo. Em 1850, por exemplo, Wagner escreveu que "o judeu” era "incapaz de se expressar artisticamente". Wagner também foi o compositor preferido de Adolf Hitler. Alguns dos seus descendentes eram inclusive apoiadores do nazismo.

A versão da ópera transmitida pela rádio era parte da execução conduzida pelo maestro Daniel Barenboim no Festival de Bayreuth em 1991. Quando faltava pouco menos de um minuto para o fim do disco, a transmissão saiu abruptamente do ar. 

Diante dos protestos pela transmissão da obra, a rádio acabou afirmando que a reprodução da obra foi um "erro”.

"As normas da empresa de radiodifusão israelense são as mesmas há anos: não serão reproduzidas obras de Wagner", disse neste domingo um comunicado da corporação Kan.

"Esta decisão advém de entender a dor que passá-la pode causar a sobreviventes do Holocausto que nos escutam. O editor musical errou em sua seleção artística ao reproduzir a obra. Pedimos desculpas aos nossos ouvintes", disse o comunicado da emissora, que também negou que a interrupção tenha sido proposital. Segundo a rádio, a peça musical foi interrompida por um "problema técnico”.

Jonathan Livny, presidente da Sociedade Wagner de Israel, elogiou a reprodução do compositor alemão pela rádio pública. "Não estão sendo reproduzidas as opiniões do compositor, e sim a música maravilhosa que ele criou", alegou Livny, filho de um sobrevivente do Holocausto. "Quem não quiser ouvir, pode desligar o rádio."

Esta não é a primeira vez que a execução de obras de Wagner causa controvérsia em Israel. Em 1981, a Orquestra Filarmónica de Israel tentou programar composições de Wagner, quando era dirigida por Zubin Mehta. A execução de um trecho da ópera Tristão e Isolda acabou sendo interrompida quando um homem subiu ao palco e abriu a camisa, exibindo marcas sofridas em um campo de concentração nazista. A programação de outras obras acabou sendo cancelada.

Em 2001, foi a vez de Barenboim ser criticado por políticos israelenses por também executar um trecho de Tristão e Isolda em um festival no país. A música foi aplaudida pela maior parte do público, mas algumas pessoas abandonaram o auditório gritando "fascista".

JPS/afp/lusa/ots
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