O Povo do Livro no Brasil

O Povo do Livro no Brasil

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O Povo do Livro no Brasil                                                  Escrito por Editora e Livraria Sêfer
A história dos judeus no Brasil começou com a chegada dos primeiros portugueses em 1500. Eram os “cristãos-novos” fugidos da Inquisição, vindos nas caravelas de Pedro Álvares Cabral quando este aportou no Brasil.

“A presença de judeus entre os primeiros povoadores do Brasil é um fato histórico, incontestável, certíssimo”, nas palavras de Moysés Kahan em seu livro Judeidade.


As primeiras figuras que podemos citar são Gaspar de Lemos, o judeu, e Fernando de Noronha:
Gaspar de Lemos, o judeu, também conhecido como Gaspar da Gama (por ter sido adotado por Vasco da Gama, nas Índias) ou Gaspar das Índias, capitão-mor de Pedro Álvares Cabral, do navio dos que levavam os mantimentos da expedição que descobriu o Brasil, era homem que falava muitos idiomas, recebia cartas diretas do rei d. Manuel, era respeitado pelos seus conhecimentos marítimos, e segundo Afrânio Peixoto e Alexandre Von Humboldt é considerado “co-descobridor do Brasil”.
Fernando de Noronha, dois anos apenas após o descobrimento do Brasil, lidera um grupo de judeus portugueses e apresenta a d. Manuel a primeira proposta de colonização do território brasileiro, que é aceita e firmada em 1503. (…) O projeto secreto de Fernando de Noronha, motivado por Gaspar de Lemos, era o de utilizar a nova colônia como refúgio para os judeus perseguidos.
(trecho da obra Raízes Judaicas no Brasil, de Flávio Mendes Carvalho)
D. Manoel I, rei de Portugal, era conhecido como “O Venturoso”, “Rei da Pimenta” e também como “Rei dos Judeus”, pela formidável presença destes últimos nas frotas descobridoras. Um dos motivos desta presença é a especialidade que os judeus sefaradim da Península Ibérica tinham dos conhecimentos de navegação marítma. O famoso estudioso astrônomo Avraham Zacuto, autor do Almanach Perpetuum, tinha uma academia de estudos do mar onde foram aperfeiçoadas as cartas marítimas, o astrolábio e a bússola.
(trecho do artigo Origens Judaicas do Povo Brasileiro, de Rachel Mizrahi)
Para aqueles que eram perseguidos na Península Ibérica, que tinham de escolher entre a morte e o batismo, a promessa de descobrir novos mundos enchia os olhos de uma nova vida, tranquila, longe de brutalidades, onde poderiam exercer sua cultura e religião em paz.
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Os nomes dos Estados Brasileiros

Os nomes dos estados brasileiros são uma possível prova desta forte presença. Embora reconhecidos como oriundos dos dialetos indígenas, os falantes da língua podem perceber que se tratam de palavras bastante simples do vocabulário hebraico:
Pará – pará, em hebraico, significa vaca. O território apresentava boas condições para criação de gado, com umidade e pastos.
Ceará – ceará, em hebraico, quer dizer ventania, tempestade. Os navios passaram por uma tempestade ou forte ventania, atracando neste território apos o episódio. Ou simplesmente, um território com fortes ventanias, pela costa marítima.
Bahia – Ba, em hebraico, nela; I-á, em hebraico, um dos nomes de Deus, formando “nela há Deus”. Foi o local onde os judeus esperançosos aportaram e viram a boa perspectiva de vida, louvando a Deus.
Maranhão – marrano, em português, é a nomenclatura pejorativa para cristãos-novos. Seria ‘o grande marrano’.
Maceió – maassê, em hebraico, é obra; I-á, em hebraico, é um dos nomes de Deus, formando obra de Deus, provavelmente em virtude da exuberância de suas paisagens virgens.
Goiás – gói, em hebraico, significa povo; az, em hebraico, forte, formando “povo forte”. Território habitado por tribos indígenas de fortes guerreiros.
Recife – retsíf, em hebraico, é recife, quanto à evidente presença deste fenômeno natural na costa do território.
Amazonas – am, em hebraico, quer dizer povo; zoná, em hebraico, mulher indecorosa ou nua, formando “povo de mulheres nuas”, quanto à presença de tribos indígenas que andavam sem roupas, o que foi um choque para os europeus.
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Já que abordamos os indígenas, há outros personagens importantes que devemos citar, que são Caramuru e João Ramalho:
(…) Quando em 1531 d. João III decide mandar Martin Afonso de Souza chefiando a primeira expedição colonizadora ao Brasil, este já encontra dois interessantes núcleos de desenvolvimento: um no nordeste e outro no sul. Na Bahia, é recebido por Caramuru (Diogo Alvares Correia), de notória família judaica portuguesa, rodeado de filhos e casado com a índia Paraguaçu, filha do cacique Taparicá… No sul, em 1532, Martim Afonso de Souza encontra João Ramalho, cuja lendária chegada ao Brasil remonta a 1497, época da expulsão dos judeus de Portugal. Torna-se o verdadeiro líder dos índios guayanazes, casando-se com Bartira, filha do cacique Tibiriçá… Extremamente curiosa é a letra hebraica que João Ramalho usava no meio de sua assinatura.
(trecho da obra Raízes Judaicas no Brasil, de Flávio Mendes Carvalho)

O nome do Brasil

Podemos falar um pouco também do nome do país. Brasil tem sua origem na presença do recurso natural pau-brasil, também conhecido como pau-ferro, devido à sua resistência mais forte, que repelia ataques de cupins, por exemplo. É interessante comentar que as letras de Brasil em hebraico são as mesmas da palavra barzel, ferro em hebraico.
Todas estas coincidências linguísticas foram muito estudadas pelo mesmo Moysés Kahan, já citado. Ele explica que podemos falar em uma “língua geral”, uma língua falada no litoral do Brasil pré-jesuítico, a língua da expansão portuguesa que surgiu no Brasil quinhentista como instrumento de comunicação, formada de vocábulos estrangeiros misturados com línguas indígenas, vocábulos estes acomodados foneticamente ao colorido local. O fato de haver entre os primeiros povoadores do Brasil muitos judeus nos leva a crer que eles fizeram grande uso do hebraico em suas relações com a gente da terra, já que a ciência e o comércio judaicos dominavam os continentes, e o hebraico servia-lhes de veiculo de difusão e intercâmbio.
Entre as palavras tupis é possível destacar várias que coincidem com o hebraico. Talvez isso explique os nomes dos estados que mencionamos anteriormente. Porém, mais incrível do que simples coincidências de palavras é analisar a presença no tupi de nomes de objetos que os indígenas não conheciam ou com os quais não tiveram contato antes. Estas palavras, obviamente, foram emprestadas do vocabulário dos estrangeiros que apresentaram tais objetos ao povo local.
Para concluir, podemos usar as palavras do crítico Wilson Martins:
Antes de ser propriamente uma colônia portuguesa, o Brasil já foi uma colônia… judaica!
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Referências:
CARVALHO, F. M., Raízes Judaicas no Brasil: o arquivo secreto da Inquisição. São Paulo: Editora Nova Arcádia, 1992, pp. 22-56.
GARCIA, R. Ensaio sobre a História Política e Administrativa do Brasil (1500-1870). Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1956.
MIZRAHI, R. Origens Judaicas do povo brasileiro. Revista Morashá, São Paulo, vol. 61,Jul/2008, disponível em: http://www.morasha.com.br/brasil/origens-judaicas-do-povo-brasileiro.html#q=Origens%20Judaicas%20do%20povo%20brasileiro
Imagem de capa: Reprodução do quadro Fundação de São Vicente – óleo sobre tela de Benedito Calixto de Jesus (c. 1900), do acervo do Museu Paulista da USP.
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