“Tesnota” é o primeiro
longa-metragem do diretor russo Kantemir Balagov, que também responde pela
montagem e pelo roteiro do filme, este em parceria com Anton Yarush. Indícios
claros de um trabalho autoral, que se confirma desde as primeiras imagens, nada
convencionais. Apresenta uma fotografia que enfatiza tons escuros e cores
fortes ao mesmo tempo, fazendo sobressair as tensões do ambiente.
O foco do filme é uma comunidade
judaica, fechada e marginalizada, na localidade de Nalchik, cidade natal do
diretor e capital da República Cabárdia-Balcária, parte da Federação Russa. O
ano: 1998. A personagem central Ilana (Darya Zhovnar), de 24 anos, trabalha na
oficina do pai como mecânica e ama um personagem cabardino, num relacionamento
algo clandestino, não aceito pela família. Trata-se do que na própria trama do
filme é referido como sendo as tribos, que são discriminadas pelos russos.
Todo esse clima de angústia e
tensão é muito bem trabalhado ao longo do filme, em ritmo lento e seguro. Pouco
é explicitado verbalmente, o que importa é o que está por trás do não dito.
Está muito presente nos semblantes, gestos, posturas, silêncios. Elementos
fundamentais em “Tesnota”, que dependem do bom desempenho do elenco.
O cineasta tem uma referência e
fonte de influência muito fortes. Estudou e atuou no departamento de cinema da
Universidade de Stravropol, com Alexander Sokurov, um grande cineasta russo da
atualidade que, por sinal, é um dos produtores de “Tesnota”. O filme foi
exibido nos festivais de Munique, Montreal e Cannes, onde se destacou na mostra
Um Certo Olhar (Un Certain Regard), recebendo o prêmio da crítica internacional
(FIPRESCI).