Joana de Sousa Dias
Fotos: Redoc – Research and documentation
Às manifestações por todo o país, que mobilizaram milhares de pessoas que quiseram usar quipá (um chapéu usado por alguns judeus para cobrir o alto da cabeça), juntou-se a iniciativa "Kopf hoch" (cabeça erguida). Entregaram cerca de 10 mil quipás em cinco parques de Berlim.
Marco, um dos três organizadores, admite que tinha receio que algo corresse mal, mas "não houve um único incidente que fosse violento ou completamente negativo. Claro que algumas pessoas disseram que não se identificavam. E nós respondemos: tudo bem, tenha um bom dia.

Tudo começou quando Marco ouviu, num bar, algo que não esperava: "Nessa noite conheci algumas pessoas, e uma delas, disse-me do nada: 'odeio judeus'. Eu primeiro só perguntei: 'o quê?' Fiquei sem palavras. Depois passei duas horas a tentar perceber porque é que ele tinha dito aquela estupidez". Não chegou a nenhuma conclusão, mas percebeu que tinha que fazer algo.
Na mesma altura, dois jovens que usavam quipá foram agredidos com um cinto no conhecido bairro de Prenzlauer Berg, em Berlim. Um deles filmou todo o ataque e publicou-o nas redes sociais.
A chanceler Angela Merkel reagiu, sublinhando que a luta contra as manifestações antissemitas tem de ser ganha e é preciso combatê-la com "toda a severidade e determinação".O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha desaconselhou o uso do quipá nas maiores cidades do país.

Cerca de 200 mil judeus vivem atualmente na Alemanha, metade deles em Berlim.