
O filme “O Rochedo e a Estrela” é um dos destaques da
programação da edição de 20 anos do Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que
abre suas portas nesta terça-feira (3). Fruto de décadas de pesquisa da
diretora Katia Mesel, a obra conta a história da primeira colônia judaica das
Américas, instalada no Recife após a inquisição, e que, em seguida, ajudou a
construir Nova York.
Quem poderia imaginar que a Big Apple teria, na história de
sua construção, origens pernambucanas? Essa é uma das teses levantadas pelo
documentário projetado nesta quinta-feira (5) em Paris e que conta a saga dos
chamados Cristãos Novos no Brasil.
O filme, cuja pesquisa teve início em 1998, relata o
“período holandês” de Recife, no século 17, quando Mauricio de Nassau permitiu
a fundação da primeira comunidade judaica das Américas. “Os holandeses,
protestantes, comerciantes e espertos, aceitaram os judeus convertidos à força
em Portugal e que, por uma questão de sobrevivência, foram para a Holanda e, de
lá, viram essa oportunidade do Novo Mundo desconhecido que era o Brasil e
Pernambuco” na época, explica a diretora do documentário.
Dezenas de entrevistas em quatro países e várias
reconstituições de época, inclusive com objetos autênticos do século 17,
compõem a trama, que aborda em seguida o destino desses judeus mais tarde. “Um
navio saiu do porto do Recife rumo a uma pequena colônia, que era apenas
um entreposto comercial em Manhattan, chamada na época de Nova Amsterdã, e lá fundaram
a primeira colônia judaica da América do Norte”, conta a diretora, lembrando
que o primeiro cemitério de judeus de Nova York é composto
principalmente por nomes de consonância portuguesa ou ibérica.
A projeção de “O Rochedo e a Estrela” no Festival de Cinema Brasileiro de Paris também marca os
50 anos de carreira da cineasta. Pioneira do cinema em Pernambuco, Katia Mesel
tem mais de 300 obras audiovisuais realizadas em todos os formatos e suportes e
prepara um novo projeto em Fernando de Noronha.
Por Silvano Mendes
Por Silvano Mendes