León Pinsker (1821-1891) nascido na Polônia russa, médico e advogado, foi fundador do movimento Jovevei Tzión (amantes de Sión) e um dos primeiros judeus a ser aceito na universidade de Odessa, onde estudou direito. Pinsker, mais tarde, entendeu que por ser judeu não teria muitas oportunidades, optando assim, por estudar medicina. Acreditava que o problema dos judeus poderia ser resolvido com igualdade de direitos, no entanto, diante da situação dos judeus vítimas dos progroms na Rússia, deixou de acreditar no humanismo e iluminismo para derrotar o antissemitismo e, em 1882, escreveu um panfleto intitulado AUTOEMANCIPAÇÃO.
Neste texto, incentivava os judeus a lutar pela independência e consciência nacional para sua pátria em Israel. O escrito gerou muita polêmica e serviu de inspiração para Theodor Herzl escrever O ESTADO JUDEU, que seria a base ideológica do movimento sionista.
"A perturbação diante do fantasma judeu foi transmitido e consolidado ao longo das gerações e dos séculos. Perturbação que conduziu ao prejuízo, o qual, vinculado a outros fatores dos que se falará depois, deu lugar à judeufobia. Associada às demais ideias inconscientes e supersticiosas, a instintos e idiosincrasias, a judeufobia acabou por adquirir plena cidadania entre todos os povos da terra com os quais os judeus estabeleceram relações.
A judeufobia é uma espécie de demonopatia, com a peculiar diferença de que o temor ao espectro judeu foi difundido pela espécie humana inteira, e não entre algumas povoações específicas; e de que, no lugar do incorpóreo, como os demais espectros, consta de carne e de sangue, assim como das feridas provocadas pelos mais atrozes castigos infligidos pelas multidões atemorizadas que creem ameaçadas por ele.
A judeufobia é uma psicose. Enquanto psicose, é hereditária: e enquanto enfermidade hereditária há dois milênios, incurável. O temor aos espectros, mãe da judeufobia, gerou esse ódio abstrato, tentado estou de chamar platônico, o qual, a inteira nação judia foi retida responsável dos delitos, reais ou imaginários, cometidos por cada um de seus vástagos em particular, o que a levou ser caluniada em múltiplos modos e assustadoramente humilhada.
Amigos e inimigos tentaram explicar ou justificar dito ódio aos judeus ao mesmo tempo que fizeram aos judeus toda sorte de acusações. Teriam crucificado a Jesus, bebido sangue dos cristãos, envenenado poços, exercido a usura, explorado camponeses, etc. Estas e mil outras acusações contra um povo foi demonstrado infundadas, e manifestam sua fragilidade no feito mesmo de haver sido produzido ostensivamente, com o objetivo de aplacar a má consciência dos perseguidores de judeus, de justificar a condenação de toda uma nação, de provar a necessidade de queimar aos judeus, ou melhor: a seu espectro."
* Tradução livre da edição espanhola: Cynthia Coelho