
Esse é o posicionamento da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) catarinense, expressa em nota distribuída na terça-feira (26), um dia após a descoberta dos cartazes – que continham os dizeres: “Negro, comunista, antifa, macumbeiro. Estamos de olho em você”. As peças foram coladas na porta da residência do advogado Marco Antonio André, que atua no movimento negro e é ligado às religiões afro-brasileiras, em especial o candomblé.
Marco Antonio André recebeu milhares de mensagens de solidariedade em seu escritório, em sua residência e no seu perfil no Facebook. Nenhum grupo fascista (ou neonazista, como se cogita em Blumenau) assumiu a responsabilidade pelo ato de intolerância e preconceito. As ameaças contidas nos cartazes são de natureza criminal. O incitamento ao ódio e á violência é punido pela legislação vigente.
Confira a nota:
Marcha da insensatez
A crise econômica, a descrença nas instituições, a escalada da violência e da intolerância são o pano de fundo para o recrudescimento de movimentos radicais em várias partes do mundo. A escalada dos partidos extremistas; as manifestações violentas de grupos que pregam abertamente a intolerância; as perseguições a minorias: os sinais de que algo está errado são inúmeros e inegáveis. Não há como ignorá-los ou fingir que são fatos isolados e passageiros. Pelo contrário: em momentos como esse, o silêncio pode ser visto como descaso ou, pior, como consentimento. Os problemas que víamos pela TV, ao que parece, assombram também os catarinenses.
Também aqui há reflexos da verdadeira marcha da insensatez que vemos em outras partes com o surgimento de movimentos xenófobos e extremistas, as seguidas manifestações de intolerância, os casos de violência, racismo, sexismo e perseguição de minorias. Também aqui esses são movimentos inaceitáveis, que não podem ser admitidos ou vistos como algo “menor”, mas exigem o enfrentamento corajoso.

A Seccional catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil e a Subseção de Blumenau, assim como a Comissão de Igualdade Racial da Seccional, não podem silenciar diante de fatos tão graves e manifestam repúdio àqueles que, de forma irresponsável, sem medir consequências, ousam atentar contra seus semelhantes de forma infame. Da mesma forma, é inadmissível que num espaço público pessoas continuem sendo desrespeitadas e tendo sua dignidade ofendida.
Pelos motivos acima expostos, a OAB se une às inúmeras manifestações de repúdio e pede que os órgãos competentes investiguem os fatos a fim de que sejam punidos exemplarmente os autores.
Diretoria da OAB/SC
Diretoria da Subseção de Blumenau
Comissão de Igualdade Racial da Seccional