
A Síria continuará existindo como Estado, embora numa forma diferente da atual. "O que poderá ficar claro em breve é que a Síria se tornou um protetorado do Irã."
Esse cenário foi traçado por um consultor de segurança israelense não identificado para a revista online Al-Monitor. Segundo ele, o país mudou radicalmente no decorrer da guerra civil. Ao final haverá algo totalmente novo: "Uma Síria aliada ao Iraque e ao Irã - e ambos, por sua vez, têm relações com o Líbano do [líder do Hezbollah] Hassan Nasrallah".
Essa nova situação terá graves consequências para Israel: "A nova Síria será muito mais perigosa do que a antiga".
A preocupação de Israel com as relações de força militar no país vizinho ficou clara na noite desta quarta (06/09) para quinta-feira. Os israelenses atacaram uma suposta fábrica de produtos químicos na vila de Masyaf, no noroeste da Síria, a apenas cerca de 30 quilômetros da fronteira com o Líbano.
"Outro grau de intervenção"
Recentemente, o Exército israelense anunciou que, nos últimos cinco anos, realizou ao menos cem ataques contra depósitos ou comboios que carregavam armas destinadas à milícia Hisbolá.
O ataque mais recente, porém, difere dos anteriores, afirmou ao jornal Jerusalem Post o ex-major-general Yaakov Admiror. "É um outro grau de intervenção", disse. Pela primeira vez, Israel atacou não apenas um depósito, mas uma instalação oficial síria que era usada para produzir armas químicas, mísseis e munições.
O ataque aconteceu poucos dias depois da visita de Nasrallah a Damasco. O Jerusalém Post cita forças de segurança israelenses que não descartam que todo o complexo seria repassado ao Hezbollah.
Israel considerava essa transferência tão perigosa que o ataque ocorreu apesar de haver uma base aérea russa nas proximidades. Israel também já contava com uma dura reação verbal de Damasco. Logo após a intervenção, os militares sírios alertaram para "efeitos perigosos dessa ação agressiva sobre a segurança e estabilidade da região".
Reação a nova situação diplomática
Os riscos que Israel assume com o ataque evidenciam as enormes mudanças nas condições de segurança para o Estado judeu. Elas resultam não apenas do avanço dos combatentes do Hezbollah até as Colinas de Golã e, em alguns casos, até mesmo dentro de território israelense - a situação política também é ameaçadora.