Emissora é acusada de 'parcialidade' em conflitos com palestinos. Governo israelense também pretende fechar satélites abertos que permitem captação do canal.
Lançada em 1996, a Al Jazeera é uma das emissoras de maior audiência do mundo árabe (Foto: Reuters/Eric Gaillard) Lançada em 1996, a Al Jazeera é uma das emissoras de maior audiência do mundo árabe (Foto: Reuters/Eric Gaillard).
Israel anunciou neste domingo (6) sua intenção de fechar o escritório em Israel da Al Jazeera, emissora comandada pelo Catar. O canal é acusado pelas autoridades de "incitar" a violência, anunciou o Ministério de Comunicações israelense. Há anos, Tel Aviv acusa a Al Jazeera de parcialidade na cobertura do conflito com os palestinos.
Entenda o conflito de países árabes com a emissora
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, tinha anunciado no fim de julho que queria expulsar o canal, acusado de atiçar a tensão nas redondezas de lugares santos de Jerusalém.
O ministério vai pedir a anulação das credenciais dos jornalistas, assim como o fim da ligações a cabo e por satélite da emissora, indicou um comunicado. Ainda, o ministro de Segurança Interior também vai começar um procedimento para fechar os escritórios do canal.
As autoridades israelenses querem ainda limitar a capacidade de conexões de satélites abertos que permitem à maioria dos espectadores da comunidade árabe e israelense captar a Al Jazeera, completou o ministério, sem dar mais detalhes.
Os árabes israelenses, descendentes de palestinos que ficaram em suas terras quando o Estado de Israel foi criado em 1948, representam 17,5% da população israelense. Eles têm nacionalidade israelense e se queixam de sofrer discriminação.
O ministério anunciou o fechamento da Al Jazeera após quase duas semanas de tensão na Explanada das Mesquitas, em Jerusalém. A tensão ocorreu porque Israel instalou e pouco depois retirou um novo dispositivo de segurança, duramente criticado pelos palestinos e pela comunidade internacional.
Tensão no Catar
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito romperam com o Catar em 5 junho. O país é acusado de "sustentar o terrorismo", mas sobretudo de se aproximar de seu grande rival na região, o Irã.
O acesso à Al Jazeera, fundada há mais de 20 anos pelo governo do Catar, foi bloqueado nos países, que acusam o canal de ter uma orientação "islâmica".
Eles também solicitaram que o Catar feche a Al Jazeera, uma demanda considerada "inaceitável" pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, pois "compromete a liberdade de informação".
A Al Jazeera tem mais de 80 escritórios no mundo todo e é transmitida em várias línguas.
France Presse