
30 DE JUNHO DE 2017
Nascida em Nice
em 1927, sobreviveu a Aushcwitz, onde perdeu os pais. Enquanto ministra da
Saúde promulgou a despenalização do aborto. Entre 1979 e 1982, Simone Veil
presidiu ao Parlamento Europeu.
Simone Veil
morreu esta sexta-feira, informou a sua família, avança o Le Monde.
A francesa, nascida em Nice a 13 de julho de 1927, lutou enquanto ministra da
Saúde pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez em França.
Veil, a primeira mulher a presidir ao Parlamento Europeu, tinha 89 anos.
"A minha mãe morreu esta manhã em sua
casa. Cumpriria 90 anos a 13 de julho", anunciou o filho, Jean Veil,
advogado como a mãe. Simone Veil pertencia também ao
Conselho de Curadores da Fundação Champalimaud.

Segundo o
diário inglês, Veil censurava aqueles que chamavam e chamam genocídio e
Holocausto ao que se passou nos Balcãs e na Faixa de Gaza. Afinal, ela viu o
que se passou nos centros de concentração durante o nazismo, por isso saberia a
diferença.

"Realmente,
não. A experiência demonstrou-o no Camboja e Ruanda. Há que continuar a falar
no que é específico do Holocausto: refiro-me ao extermínio sistemático,
científico, de todos aqueles que deviam desaparecer, porque eram demasiado
jovens, demasiado velhos ou simplesmente porque a ideologia nazi decidiu que os
judeus deveriam ser eliminados. Sim, isto deve saber-se. No entanto, há gente
que não sabe. E é muito difícil conceber que [o nazismo] possa ter acontecido
em pleno século XX, num país tão orgulhoso da sua cultura."
Enquanto ministra da Saúde do governo de
Valéry Giscard d'Estaing, a francesa promulgou a "Lei Veil", que
permitia à mulher ter controlo sobre o seu corpo, lembra o El País.
A despenalização do aborto foi conquistada em 1975. A mulher que nasceu no sul
de França teve também outras pastas ministeriais em governos de Édouard
Balladur e, mais tarde (1998), foi nomeada membro do Conselho Constitucional de
França.

Entre muitas distinções, Veil recebeu o Prémio
Liberdade, em Barcelona, em 2009, pela sua "defesa da liberdade, direitos
humanos, a justiça e o papel das mulheres na sociedade moderna". Na altura
Veil, que então apoiou a candidatura de Nicolas Sarkozy ao Eliseu, era
presidente da Fundação para a Memória do Holocausto e ainda dirigia o Fundo
para as Vítimas.
Nesta entrevista ao El País, Simone
Veil dizia na altura que ainda faltava muito para as mulheres terem o mesmo
peso dos homens na sociedade. "Podem fazer-se leis, podem fazer-se muitas
coisas e fizeram-se muitas coisas, mas continua a haver uma grande
diferença", disse.