A Fox estreou uma série inteira no Brasil pela primeira vez apenas em seu aplicativo, sem que o programa seja exibido na TV. Os usuários do app serão brindados com “False Flag”, suspense israelense de 2015, em oito episódios.
Com “False Flag”, o expectador olha pelo buraco da fechadura, mas de um ponto de vista perturbador. O químico israelense Ben Rephael (Ishai Golan) está tomando café da manhã com sua família, preocupado com a comida da filha e o teste do filho quando vê seu rosto na TV. Uma foto do seu passaporte é estampada, enquanto o âncora do jornal afirma que ele é um dos sequestradores do ministro da Defesa do Irã, durante uma visita secreta a Moscou. Além dele, quatro pessoas – teoricamente desconhecidas entre si – são acusadas. Natalie (Maggie Azarzar), Asia (Ania Bukstein), Sean (Angel Bonanni) e Emma (Orna Salinger) também se veem na TV, nos jornais, nos sites, seus nomes estão no rádio, telefones tocam sem parar. O espectador, a princípio, compartilha da indignação deles.
Acusados pela Rússia de serem agentes secretos israelenses operando ilegalmente em um país estrangeiro contra o inimigo, tentam negar seu envolvimento com reações que vão do silêncio mais angustiante ao riso nervoso da aspirante a subcelebridade Asia, que posa para fotos fazendo biquinho enquanto ostenta algemas. A importância política do crime, diante do histórico conflito entre Israel e Irã, revira suas vidas.
Nos episódios, toda essa trama é construída com inteligência e agilidade, em cima de uma trilha musical eletrizante, mas nenhuma resposta é dada a contento. O nome da série, porém, é a dica mais importante. “False Flag” – em hebraico, “Kfulim” – são “operações de bandeira falsa”, executadas por governos, corporações e outras organizações para enganar, de modo que pareçam ter sido promovidas pelo inimigo, para que o verdadeiro autor tire vantagens.
O suspense também é contrabalançado com um pouco de graça, a cargo, principalmente, de Natalie, que foi presa vestida de noiva a caminho do altar, e de Asia, professora de jardim de infância capaz de tudo para aparecer na mídia. A experiência de assistir a um bom thriller numa língua tão distante, o hebraico, por si só, já torna “False Flag” interessante.
Os criadores de “False Flag”, Amit Cohen-Raab e Maria Feldman, se inspiraram em um crime real. Mahmoud al-Mabhouh, líder do grupo militante islâmico Hamas, foi morto num quarto de hotel em Dubai, em 2010. Não há provas, mas a suspeita é que tenha sido o serviço secreto israelense Mossad.A vítima da vida real estaria passando armas para os inimigos de Israel na faixa de Gaza.
Para assistir “False Flag”, a pessoa precisa ser assinante do pacote de canais Fox Premium na TV paga. Basta pedir nome de usuário e senha à operadora e logar no app. Alguns conteúdos são abertos ao público.