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Amós Oz lota a Casa do Povo do Bom Retiro



Sentindo-se em casa na Casa do Povo, tradicional espaço progressista judaico em São Paulo, o escritor israelense Amós Oz saudou as centenas de pessoas que o aguardavam (veja foto abaixo) com uma mensagem “inspiradora”: 

“Esse é o lugar certo para começar uma revolução! Ou melhor, para planejá-la! Porque, como sabemos, é mais divertido planejar do que realizar...”

A boutade talvez tenha sido uma maneira de compensar o que exporia logo a seguir: o “mundo em processo de escurecimento”.

A razão: “O horror do século 20 fica cada vez mais distante, vamos esquecendo-o aos poucos. Por 50/60 anos, tivemos medo do fanatismo, “graças” a Hitler e Stálin, que nos deram esse “presente”.

“Hoje, não há mais vergonha em ser racista, em manifestar o ódio, que aparece de diferentes maneiras no mundo”, prosseguiu o escritor.

“Samuel Huntigton falou há cerca de 20 anos do choque de civilizações, uma ideia simplista e reverberada de forma ainda mais simplista por seus leitores, dividindo o mundo entre mocinhos e bandidos, entre estes os muçulmanos”, afirmou Oz. “Na verdade, o mundo é dividido entre os fanáticos – de todas as cores – e o resto”.

“Este tema não sai da minha cabeça. Mas conheço o antídoto para o fanatismo: o senso de humor. Nunca vi um fanático com o senso de humor direcionado a si mesmo, com aquele senso de humor tipicamente judaico”. (...) Gostaria de criar cápsulas de humor, que poderiam me dar o Prêmio Nobel, não de literatura mas de medicina!”.

“Eu mesmo fui uma criança fanática, nacionalista. Sejamos cautelosos, quando falarmos sobre a necessidade de lutar pelos nossos valores, pela paz, pelo pluralismo, justiça social. Nossa própria batalha não está imune ao fanatismo. A urgência em mudar o outro pode virar fanatismo”.

“Quero agora falar sobre Israel, mas não sobre as notícias que todos conhecem. Quero dar as boas novas, que não ganham as manchetes, pois são processos. 80% dos judeus nunca foram à Cisjordânia e não têm com ela uma relação emocional, apenas prática: eles ficam inseguros em devolvê-la, o que é aceitável. Mas não são fanáticos pela terra”.

“A maioria dos palestinos não apoia o Hamas ou o Estado Islâmico, ainda que se sinta pessimista, medrosa, humilhada. Mas percebe que a casa terá que ser dividida entre duas famílias. Dois estados são a solução prática. E a aproximação deve ser feita passo a passo, cuidadosamente. Primeiro, devemos ser bons vizinhos”

“Os obstáculos atuais à solução de dois estados podem mudar rapidamente – ainda que eu não seja profeta. Estados multinacionais, como as antigas Iugoslávia e União Soviética, o Líbano, Chipre, colapsam”.

A presença de Oz mereceu grande destaque na imprensa brasileira:

Crise democrática é fruto da indústria cultural, diz escritor Amós Oz (Folha)

'Fanáticos sempre esperam respostas simples', afirma o escritor Amós Oz
 (Folha)

“Ninguém está imune ao fanatismo” (O Estado de S. Paulo)

'Mais e mais pessoas tendem ao extremismo', diz Amós Oz (O Globo)


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